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Jovem negro cria aplicativo que mapeia intolerância religiosa

24 de outubro de 2017

O aplicativo “Oro Orum, Axé eu Respeito” é uma ferramenta que permite mapear os terreiros de Umbanda e Candomblé, e denunciar as violações de direito contra as religiões de matriz africana.

Texto / Pedro Borges
Imagem / Divulgação

O aplicativo Oro Orum, nome que significa Força do Céu na tradição Yorubá, língua de uma etnia africana que hoje compõe alguns países da costa oeste do continente, entre eles a Nigéria, está disponível na playstore para download. A ferramenta foi desenvolvida por Leonardo Akin, jovem negro de 24 anos e morador de Bangu-RJ, com o objetivo de fortalecer a rede entre os terreiros de Candomblé e Umbanda, e denunciar as violações de direito contra as religiões de matriz africana.

Praticante do Candomblé e integrante da religião yorubana Ifá, Leonardo participou por 3 anos de projetos da UNICEF, e vem utilizando seus conhecimentos tecnológicos como forma de proteger a tradição religiosa afro-brasileira.

“Desenvolvi o Oro Orum vendo a experiência da criação do app “Nós por Nós”, que foi feito no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. Após pesquisar sobre, conheci a plataforma chamada Thunkable, e comecei a trabalhar”.

A limitação técnica e a dificuldade para se construir um app exigiram pesquisa e ajuda para a conclusão da ferramenta.

“Muitas dificuldades apareceram, desde o aparato técnico até o meu conhecimento. Estudei mais e recorri a um amigo chamado Alex Silva, programador experiente que me auxiliou e desenvolveu grande parte da área de programação”, conta.

O nome da ferramenta é o mesmo de um blog que o jovem tem há 10 anos e de uma página no Facebook, ambas alimentadas por Leonardo Akin com o intuito de proteger as religiões de matriz africana.

O aplicativo, ilustrado com imagens dos orixás e paisagens que recordam a cidade de Salvador, surgiu há 2 meses, depois de Leonardo acompanhar uma série de ataques aos terreiros nas favelas do Rio de Janeiro.

Oro Orum foi feito dentro desse contexto com o intuito de mapear, denunciar, registrar, e criar estatísticas sobre os casos de violência contra as religiões de matriz africana.

Release Ororum

Imagem de divulgação do aplicativo “Oro Orum, Axé eu Respeito” (Imagem: Divulgação)

Como funciona?

Para registrar um caso de violência, o usuário deve estar com o botão de localização do celular ligado. A denúncia precisa da definição do endereço, data, hora, contato e o denunciante pode também anexar uma foto ao registro. O nome é opcional para finalizar o processo.

Depois de preencher todas as lacunas obrigatórias, o usuário pode clicar na aba “SOS”, e assim um chamado será enviado, com o endereço e um telefone, via Whatsapp para todos aqueles que compõem a rede Oro Orum. Essa é uma forma de alertar todos no entorno sobre o que está acontecendo, e pedir ajuda, caso necessário.

Há a opção para se colocar quem fez a agressão: autoridade, servidor público, vizinho, parente, evangélico, católico, outro, e qual foi o tipo de violência: injúria, espancamento, invasão, intolerância, racismo, assassinato.

Oro Orum também oferece um mapeamento dos demais casos de violência. É possível ter um panorama geral deles, assim como ver um mapa das violações de direito a partir do tipo de crime escolhido.

Com esses dados, pode-se ter acesso a uma tela com estatísticas, que mostram os casos de violência em determinado espaço, e os tipos de crime efetuados. O gráfico pode se transformar em relatório e ser enviado por email.

Rede e proteção das religiões de matriz africana

Leonardo tem desenvolvido diálogos com o Ministério Público e a Defensoria Pública de alguns estados. Ele acredita que o aplicativo pode ajudar na desburocratização do processo de denúncia e incentivar as pessoas a não se calarem diante desses ataques.

“Oro Orum pode agilizar o processo e dar visibilidade aos casos. Quanto mais órgãos públicos e juristas verem a dinâmica das denúncias, mais e mais denúncias serão feitas, porque as pessoas vão se sentir mais seguras e dispostas a isso”.

Oro Orum também tem o potencial de fortalecer a rede de terreiros de Candomblé e Umbanda. As pessoas podem cadastrar os espaços sagrados, os colocar dentro da rede, e assim os tornar mais protegidos de qualquer violação de direitos.

Nas seções do aplicativo, o usuário consegue acesso a trechos da legislação brasileira que garantem a liberdade religiosa no país.

As consequências do aplicativo ainda são imensuráveis. Leonardo acredita que o retorno será positivo, mas pensa que é preciso dar tempo para se avaliar o trabalho.

Serviço

Site: www.oroorum.com
Contato: [email protected]
Tamanho do aplicativo: 4,7 Mega Bytes
Telefone para contato: (21) 98998 1880

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