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Kayllane Avelino: Jovem atleta se prepara para Mundial Júnior de Saltos Ornamentais

Kayllane Avelino tem 18 anos e está no esporte desde os oito; ela integra a seleção brasileira e é uma das atletas de alta performance que se mantém no esporte com o benefício do Bolsa Atleta

Imagem: Reprodução/Instagram

Foto: Imagem: Reprodução/Instagram

21 de outubro de 2022

A atleta Kayllane Avelino tem 18 anos e se prepara para ir ao Canadá disputar o Campeonato Mundial Júnior de Saltos Ornamentais. Moradora de Brasília, ela começou a treinar aos oito anos de idade e hoje faz parte da seleção brasileira juvenil do esporte. A competição, que vai iniciar no dia 11 de novembro, é mais um passo para que a jovem conquiste uma vaga nas Olimpíadas. A viagem será custeada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

“Gosto da adrenalina que o esporte traz. Fiz salto a vida inteira e é uma experiência maravilhosa”, diz a atleta.

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Kayllane treina pelo Instituto Pró-Brasil. A organização tem parceria com o governo federal para preparar atletas de alta performance visando à participação em grandes competições, como as Olimpíadas. Lá os esportistas começam a sua jornada aos seis anos de idade. Para os treinos, eles utilizam as piscinas, trampolins e plataformas do Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB).

A entrada na seleção brasileira aconteceu no ano passado, aos 17 anos, quando ela foi convocada após a participação em um campeonato brasileiro que aconteceu na Paraíba. Ao todo, a jovem soma pódios em três campeonatos brasileiros e em um Sul-Americano, onde conquistou um ouro, duas pratas e um bronze.

Com uma história humilde e cheia de superação, Kayllane cresceu com diversas dificuldades familiares. O pai é personal trainer e está muito presente na vida da adolescente, não tem contato com a mãe.

“Minha mãe me sequestrou quando eu era criança. Hoje eu não falo com ela, mas tenho uma pessoa, que era companheira do meu pai, que eu considero como minha mãe e cuidou de mim quando eu era pequena. Minha avó [paterna] também é presente e eu também tenho meu pai”, desabafa. 

Ela conta que está ansiosa para seu primeiro mundial vestindo as cores da seleção. Segundo a moça, com sua trajetória de vida, ela não esperava chegar até este momento. 

“É um sonho, estou muito nervosa e empolgada. Estamos treinando muito, com muitas horas de dedicação. Eu quero chegar lá e vencer, dar o melhor de mim”, afirma a jovem que, no futuro, pretende cursar Biologia Marinha. 

Para poder se manter no esporte, Kayllane recebe o benefício federal do Bolsa Atleta. Por ela ser uma competidora da seleção e de alta performance, o valor da bolsa atualmente é de R$1850,00, mas ela conta que já recebeu benefícios de diversos valores, começando com R$370. 

“Tinha um tempo que eu ajudava meu pai a pagar o aluguel com a bolsa atleta, mas a gente preferiu que eu fosse morar com a minha avó para a gente não ter que passar por essas situações. Aí agora eu uso a bolsa para minha alimentação, suplementos, treino, transporte, ir ao médico, me cuidar caso eu me lesione”, explica. 

O educador físico Alexandre Santana conta que, há muitos anos, o esporte é uma das principais atividades, tanto de fonte de renda quanto de resiliência, da juventude negra. Para o professor, as pessoas negras sempre se destacaram nos esportes a pesar de que, em muitos deles, a participação de negros fosse proibida. 

“Negros estão em todos os pódiuns. Temos resistência física, alto desempenho, força, e um psicológico treinado para a resistência. Nós não podíamos fazer salto, nem ginástica, por exemplo. Por isso é estranho pensar que, um mundo onde exista racismo e todo tipo de crueldade com o nosso povo, é o mesmo universo que nos posiciona como os melhores atletas do mundo”, disse. 

E complementa: “A juventude negra que, literalmente, nasce sem muitas perspectivas, vê no esporte uma forma de ‘ser alguém’, de se destacar, de ter um objetivo o qual perseguir. O esporte para jovens negros é vida, pois oferece oportunidade e mostra caminhos além do crime, da marginalização. É motivo de orgulho”.

Políticas pelo esporte

O Brasil não tem mais um Ministério dedicado ao Esporte. Em janeiro de 2019, a pasta foi extinta e incorporada ao Ministério da Cidadania pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O Ministério do Esporte havia sido criado em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em 2005, no então governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil criou um dos maiores programas de patrocínio individual de atletas no mundo, o Bolsa Atleta. O público beneficiado é composto por atletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais em sua modalidades. 

Desde 2012, com a Lei 12.395/11, é permitido que o candidato ao benefício tenha outros patrocínios, o que propicia que atletas consagrados possam ter a bolsa e, assim, contar com mais uma fonte de recurso para suas atividades.

Atualmente, são seis as categorias de bolsa oferecidas pelo Ministério da Cidadania: Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpico/Paralímpico e Pódio. A partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebem o equivalente a 12 parcelas do valor definido na categoria: Atleta de Base (R$ 370); Estudantil (R$ 370); Nacional (R$ 925); Internacional (R$ 1.850); Olímpico/Paralímpico (R$ 3.100) e Pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil).

Hoje, o país enfrenta a corrida pelo segundo turno para definir quem será o Chefe do Executivo a partir de 2023. Em seus planos de governo, Lula e Bolsonaro fazem menção ao esporte como base para a cidadania. 

Programas de Governo

Lula defende, em seu Plano de Governo, a democratização e descentralização do acesso ao esporte e ao lazer. Para ele promovem desenvolvimento, combate à violência e constroem a cidadania. Lula propõe políticas universais de garantia dos direitos ao esporte e ao lazer, de acordo com a Constituição Federal de 1988. Ele vai criar um Sistema Nacional de Esportes. 

“Incentivaremos o protagonismo dos atletas e o fortalecimento da gestão pública e transparente do sistema esportivo, contemplando os governos locais e regionais. O esporte e lazer, por meio do fortalecimento do Sistema Nacional de Esportes, serão instrumentos de resgate do orgulho nacional e da construção de uma cidadania democrática e plural, especialmente no combate à desigualdade social, na promoção da cultura da paz e contra qualquer tipo de intolerância e preconceito”, diz o documento. 

Uma das metas de um possível governo Lula é a garantia de direitos e respeito às pessoas com deficiência. Para tanto, ele cita que é preciso assegurar às pessoas com deficiência e suas famílias o acesso à saúde, à educação, à cultura e ao esporte, e a inserção no mundo do trabalho. 

Já o Plano de Governo de Jair Bolsonaro diz que a promoção da cultura, do esporte e do lazer contribuem com o bem estar, a coesão social e geração de oportunidades de emprego e renda. Ele pretende ampliar e fortalecer a Política Nacional de Esporte e do Fomento do Exercício Físico.

De acordo com o documento, o Governo Bolsonaro vai ampliar do acesso à atividade física, esportiva e de lazer, assim como o resgatar a cultura do esporte educacional por meio das práticas de atividades físicas no turno e contraturno escolar, configurando-se como fator de formação da cidadania e o desenvolvimento de valores olímpicos e paralímpicos. Além disso, o Plano destaca o programa Programa Integra Brasil , do atual governo.

“No esporte de base, por meio do fortalecimento da plataforma de esporte educacional, foi oportunizada aos alunos a participação em grandes competições nacionais. […] O esporte de alto rendimento vem evidenciando resultados expressivos na história do país, com a maior quantidade de contemplados com o Bolsa Atleta (7.248 atletas) e a melhor campanha dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos”, considerou o Plano.

O Plano cita ações de investimento financeiro, obras de infraestrutura e a regulamentação da profissão de Educação Física realizadas no atual governo. Além disso, Bolsonaro, diz que tem como meta difundir o Paradesporto para garantir a inclusão social da pessoa com deficiência ao mundo do esporte.

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