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Liderança negra cresce em grupos de pesquisa, mas segue abaixo da representatividade nacional

Estudo do Ipea revela aumento significativo na liderança de negros entre 2000 e 2023, mas alerta para desigualdade persistente na ocupação de cargos de chefia, especialmente para mulheres negras
Imagem de uma mulher e um homem negro usando um notebook. Segundo estudo publicado pelo Ipea, participação de líderes negros e negras em grupos de pesquisa cresceram, mas ainda está abaixo à sua representatividade populacional no Brasil.

Foto: Reprodução/Freepik

18 de setembro de 2024

Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulado “A Liderança Negra nos Grupos de Pesquisa no Brasil: Um Panorama Regional de 2000 a 2023”, aponta um crescimento expressivo na presença de líderes negros (pretos e pardos) em grupos de pesquisa no Brasil. De acordo com os dados preliminares, o número de líderes negros passou de 1.485 em 2000 para 14,9 mil em 2023.

As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maior parte dessas lideranças, respondendo por 24,7% e 45,5% dos líderes negros do país, respectivamente. No entanto, o estudo ressalta que, apesar do aumento na liderança negra em todas as regiões, os percentuais ainda são inferiores à representatividade de negros na população brasileira.

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No Sudeste, o percentual de homens negros na liderança de grupos de pesquisa passou de 2,8% em 2000 para 8,1% em 2023, enquanto o de mulheres negras subiu de 1,7% para 7,0% no mesmo período. O cenário é ainda mais desafiador no Sul, onde as mulheres negras representavam apenas 0,9% das lideranças em 2000, aumentando para 3,2% em 2023.

Túlio Chiarini, analista em ciência e tecnologia do Ipea e coordenador da pesquisa, aponta que, embora 89,6% dos grupos de pesquisa tenham ao menos um membro negro, apenas 28,1% contam com líderes negros.

 “Isso demonstra que, apesar de avanços na inclusão, a equidade na ocupação de cargos de chefia ainda está distante”, destacou Chiarini em nota do Ipea.

A pesquisa também chama atenção para a interseccionalidade de raça e gênero, revelando que apenas 10,4% das lideranças em 2023 eram de mulheres negras, evidenciando a dupla desvantagem que elas enfrentam na ciência. A equipe responsável pelo estudo planeja novas análises com recortes por áreas do conhecimento para aprofundar a discussão sobre a inclusão racial na liderança acadêmica no Brasil.


O estudo completo está disponível para consulta neste link.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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