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‘Me fizeram dormir 3 vezes’: jovem negro denuncia tortura policial em Natal

Na audiência de custódia, Michel Matias alegou ter sido vítima de sufocamento e agressões em abordagem
Imagem em preto e branco mostra um cacetete e a mão de uma pessoa.

Foto: Reprodução/Anistia Internacional

28 de fevereiro de 2024

Durante audiência de custódia, o jovem negro Michel Matias revelou ter sofrido tortura policial no Rio Grande do Norte. O rapaz tem 18 anos e é morador da Comunidade da África, na periferia da capital Natal.

Segundo o relato de Michel, policiais militares o fizeram desmaiar três vezes consecutivas por sufocamento. Em seguida, os agentes também teriam agredido a vítima até ela acordar.

“Se tivesse câmera no fardamento dos policiais ia mostrar. Pegaram um pano, uma toalha que tinha na água no balde, me fizeram dormir três vezes. Me acordaram na base do tapa”, diz trecho do vídeo transcrito em nota divulgada pela defesa.

Michel Matias foi preso em flagrante por volta das 12h do dia 14 de fevereiro por “supostamente estar em atitude suspeita quando abordado”, diz comunicado da defesa. A polícia teria achado com o jovem 48,4 gramas de maconha, um revólver calibre 22 e um aparelho celular com origem em crime de furto.

Abordagem vexatória

Além da tortura policial, Michel Matias foi alvo de uma abordagem vexatória por parte de um repórter no momento da prisão. O vídeo do momento, que viralizou nas redes sociais, traz imagens do jovem algemado e sem camisa.

Para a defesa, a exposição da vulnerabilidade do rapaz contribui para a perpetuação de estereótipos e da marginalização de corpos negros.

“Estamos apontando que enquanto não se tratar esses determinantes sociais, jovens negros como Michel continuarão a ser segregados em cadeias e com seus corpos expostos, de forma vexatória, assim como fizeram com esse garoto e assim como se fazia com escravizados nos tempos mercantis”, aponta a defesa, em nota à imprensa.

Procurada pela Alma Preta, a Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte não se manifestou sobre a acusação de tortura praticada pelos policiais militares. O espaço segue aberto.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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