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MPF ajuíza ação contra a União por negligência com comunidade quilombola na Bahia

Entre as solicitações, o órgão requer o pagamento de R$ 5 milhões em indenização coletiva por danos morais, a ser investido em políticas públicas para os quilombolas
Mulheres seguram faixa em defesa da titulação dos territórios no Aquilombar, maior evento quilombola do país.

Mulheres seguram faixa em defesa da titulação dos territórios no Aquilombar, maior evento quilombola do país.

— Joédson Alves / Agência Brasil

23 de agosto de 2024

O Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA) acionou a Justiça Federal em busca de garantir a regularização do território ocupado pela comunidade quilombola Boca do Rio, no município de Candeias (BA). A ação civil pública foi ajuizada contra a União e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O órgão solicita que sejam concluídos processos administrativos, identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação da região.

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O MPF aponta que a comunidade tem sido negligenciada nos últimos quatro anos, apesar ser certificada pela Fundação Cultural Palmares desde 2020. Nesse período, os moradores sofrem com atividades econômicas e empreendimentos privados que exploram as áreas.

“Essas atividades têm gerado graves danos à comunidade, composta por famílias em situação de vulnerabilidade, incluindo idosos, mulheres e crianças”, aponta o MPF-BA em nota.

O inquérito civil instaurado para investigar as atividades da empresa Bahia Terminais S.A no território apontou que empreendimento tem impedido a fiscalização por parte do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), mesmo ocupando área federal.

O MPF ressalta que, apesar das tentativas de suspender e revogar as autorizações concedidas à empresa, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) não tomou medidas efetivas para devolver o local para os quilombolas.

 “A demora aumenta o risco de que a região, originalmente destinada à reforma agrária e à proteção ambiental, seja utilizada por empreendimentos privados, incluindo a utilização de explosivos em área quilombola, o que pode causar danos irreversíveis ao território e comprometer a sobrevivência cultural e social do quilombo”, defende o órgão.

O MPF solicita que a União seja condenada a cancelar qualquer registro ou ato de ocupação em favor da Bahia Terminais sobre a área do quilombo. A ação também pede um orçamento específico para o processo de titulação, que deve ser finalizado pelo Incra em 12 meses e encaminhado à presidência da república. 

O órgão federal ainda requer uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos, valor que será revertido em investimentos diretos em políticas públicas voltadas para a comunidade quilombola.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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