Na terça-feira (2), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, anunciou sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) durante evento no Rio de Janeiro. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou do evento e assinou a carta de filiação da ministra em frente ao público presente. Além de Anielle Franco, outras duas mulheres também foram filiadas ao partido na cerimônia, Camila Moradia, Cátia Vieira e Fabíola Oliveira.
Em seu discurso, Lula teceu comentários sobre o quadro político atual e sinalizou que Anielle não deve ser candidata em 2024. Já a ministra, defendeu a renovação política do Rio de Janeiro e a ascensão de mulheres negras na política.
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O ato simbólico de filiação lotou o Circo Voador, casa de shows na região da Lapa, no Centro do Rio de Janeiro. O evento contou com a presença de diversas lideranças. Além de Lula e da primeira-dama, Janja da Silva, estiveram presentes a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo, Marcelo Freixo.
‘Não vou mudar para caber dentro da política’
A ministra Anielle Franco deu início ao seu discurso com uma quebra de protocolo, saudando primeiro seus familiares que estavam no palco: Marinete da Silva (mãe), Antônio Francisco da Silva Neto (pai) e Luyara Santos (sobrinha).
Em seu discurso, a ministra apontou que é necessário levantar propostas para mudar o quadro de violência no Rio de Janeiro, saudou a memória de sua irmã, Marielle Franco, e afirmou que o crescimento das mulheres negras na política precisa ser aceito pelo campo político.
“Não vou mudar para caber dentro da política. A política precisa entender e aceitar os nossos corpos da maneira que nós somos. Eu não chego nesse lugar sozinha, a gente chega aqui muito bem organizadas. Não adianta querer mudar como a gente fala, como a gente se veste. Não adianta reclamar da maneira que a gente sorri, da maneira que a gente faz política. A gente faz política com afeto. A gente é isso aqui e assim permaneceremos”, afirmou Anielle.
A ministra encerrou sua fala dizendo que está alinhada ao projeto petista, apontando que as linhas do partido são semelhantes às suas crenças políticas.
“Tentaram calar a minha irmã, mas a gente ressurgiu, ressignificou e refloresceu esse lugar. Estou em casa no partido dos trabalhadores e das trabalhadoras porque defendo a luta popular, defendo a democracia de qualidade e, acima de tudo, luto pelos nossos, luto coletivamente e não individualmente”, disse.
Anielle não será candidata em 2024, diz Lula
O presidente Lula fechou o ato com um discurso no qual exaltou a história do Partido dos Trabalhadores, descrito por ele como o “maior partido de esquerda democrático do mundo”. Lula demonstrou preocupação com ascensão da extrema-direita no mundo e afirmou que no Brasil há um cenário de luta política acirrada. “As pessoas não estão olhando a banda passar, não. As pessoas estão disputando cada milímetro”, alertou.
A filiação de Anielle ao PT gerou especulações de que ela sairia como candidata ainda nas eleições de 2024, o que foi negado durante o discurso de Lula. O presidente afirmou que a ministra não pretende participar do pleito e que deve concluir seu mandato à frente do Ministério da Igualdade Racial.
Lula também se referiu a Anielle como um exemplo de “militante aguerrido”, do tipo necessário para rejuvenescer o partido e enfrentar o atual quadro de disputa com a extrema-direita. O presidente fez apelos para que a ministra, a partir da filiação, participe da vida do partido de forma ativa e que considere se candidatar em breve a cargos políticos.
“Quero ajudar você a fazer esse partido ser cada vez mais forte, porque esse partido é um sustentáculo da democracia brasileira”, disse Lula.