Um dos mais importantes representantes da luta contra a intolerância religiosa e em defesa da cultura popular, o pernambucano Guitinho da Xambá, faleceu no final da tarde da Quarta-feira de Cinzas. A notícia, que gerou grande comoção, foi anunciada nas redes do grupo Bongar, do qual era líder, pela sua companheira e produtora, Marileide Alves. Guitinho havia sido internado no dia 1 de fevereiro para uma cirurgia em decorrência de uma síndrome rara que sofria. O representante da Nação Xambá será velado no Centro Cultural Grupo Bongar, em Olinda.
Com 38 anos, Guitinho enfrentava a Síndrome de Cushing, uma doença que causa aumento da glicose e da pressão arterial, além de inchaços no rosto e abdômen. Na última quinta-feira, o músico sofreu um AVC que evoluiu e precisou passar por uma cirurgia de urgência. Com o quadro delicado, o artista entrou em coma e perdeu os estímulos. Após exames realizados pela equipe médica, foi constatada a morte encefálica de Guitinho, que estava internado na UTI do Hospital Esperança.
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Parentes, amigos, irmãos e irmãs de santo e parceiros de trabalho tomaram as redes sociais com mensagens que destacam a importância do músico na luta contra o racismo, a intolerância religiosa, o sexismo e em defesa das manifestações culturais da população negra. Guitinho protagonizou uma série de conquistas para a comunidade Xambá, quilombo urbano que tem como grande mentora espiritual a ialorixá Mãe Biu, falecida em 1993. O Terminal Integrado Xambá e o Centro Cultural Bongar, ambos construídos em uma área abandonada da comunidade de Portão de Gelo, onde fica o terreiro da Nação, foram frutos da intensa luta do artista que era respeitado pelo ativismo político que marcou toda a sua trajetória.
Apesar do relevante ativismo político, foi com as performances do Bongar, fundado em 2001, que Guitinho conquistou grande popularidade. A força das tradicionais sambadas no Terreiro da Nação Xambá, realizadas todo dia 29 de junho, moldaram a sonoridade do grupo, que foi criado com o propósito de disseminar a preservação e divulgação da cultura popular negra com influência afro e indígena. Ao lado dos seus cinco parceiros inseparáveis, que também vivenciaram a musicalidade de terreiro desde a infância, o vocalista levou para os palcos os toques, as loas e as danças que formaram a identidade estética do grupo.