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Polícia realiza menos operações em áreas dominadas pela milícia no Rio de Janeiro, diz pesquisa

Ainda de acordo com o levantamento, 49% de todos os conflitos armados na região metropolitana do Rio tiveram a presença da polícia
A imagem mostra um policial armado na entrada do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Foto: Bruno Kaiuca / APF

6 de junho de 2024

Um estudo realizado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF) registrou uma alta frequência de conflitos armados na região metropolitana do Rio de Janeiro. De 2017 a 2023, a cidade obteve o total de 38.271 ocorrências, uma média de 17 por dia.

O levantamento “Grande Rio sob Disputa: Mapeamento dos Confrontos por Território” considerou informações sobre tiroteios e operações obtidas pelo Instituto Fogo Cruzado, GENI, Disque Denúncia e pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ).

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Além de atestar a frequência, o estudo também define como e onde acontecem as disputas, mapeando-as por território. De acordo com a pesquisa, 49% de todos os conflitos contaram com a presença da polícia. 

Em números absolutos, o mapeamento aponta para 9.489 tiroteios em ações policiais na região metropolitana do Rio, representando 27% do total de episódios de violência armada, no período de 2017 até 2022.

Segundo o documento, as áreas dominadas pelo tráfico estão mais propensas a sofrerem com confrontos armados do que as dominadas pela milícia. Nas regiões controladas por algum grupo criminoso, a incidência de confrontos foi de 85,6%. Considerando os territórios dominados pela milícia, o percentual cai para 61,4%.

As seguintes áreas também apresentaram distinção entre os casos de tiroteios mapeados em ações da polícia. Nas regiões dominadas pela milícia, o número de ocorrências envolvendo operações policiais foi dez vezes menor (4,3%) do que as controladas por grupos criminosos (40,2%). 

Em 38,6% dos territórios das milícias não foi detectado nenhum tipo de confronto armado nos últimos sete anos.

Apesar da densa presença de conflitos, o estudo sugere que os bairros fluminenses não são afetados da mesma forma. Em sete anos, 65,1% dos bairros registraram algum tipo de confronto, mas a média anual indica que menos da metade são afetados por esse tipo de violência. Em 41,9% desses casos, os conflitos foram pontuais ou de baixa intensidade. 

Apenas em 3,7% das áreas dominadas por grupos armados foram detectados confrontos intensos e regulares, o que, segundo o estudo, aponta para “problemas de violência crônica hiper localizados”.

“O domínio territorial por parte de facções do tráfico e a atuação das polícias são dois fatores que deixam os territórios mais expostos a conflitos. Esses conflitos se distribuem de maneira desigual entre áreas de tráfico e de milícias, mas também pela própria região metropolitana. E isso é fundamental para pensarmos a política pública de segurança. Porque os confrontos intensos e regulares são hiper localizados e a participação da polícia nesses casos é decisiva”, explica Daniel Hirata, coordenador do GENI, em nota à imprensa. 

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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