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Postagem em rede social possibilita ida de jovens ativistas negras à COP 26

Conhecida como Conferência das Partes (COP), o encontro é o maior evento organizado pela ONU e tem o objetivo de discutir os desafios climáticos e ambientais do mundo

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Reprodução/Além da Energia

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27 de outubro de 2021

Em razão de uma postagem na rede social LinkedIn, quatro ativistas negras irão participar da 6ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 26, que começa no próximo domingo (31), na Escócia. Unidas pelo mesmo propósito, as jovens apresentarão suas visões sobre como ajudar a combater as mudanças climáticas, a fim de popularizar o conhecimento sobre clima, meio ambiente e igualdade racial de direitos.

O ativismo climático é a bandeira da Amanda Costa, moradora da periferia da Zona Norte de São Paulo, que está empenhada na luta pela democratização das pautas socioambientais para as juventudes brasileiras. Foi por meio do post dela, no LinkedIn, que diversas pessoas e organizações souberam do seu desejo de estar na conferência e puderam contribuir financeiramente com os gastos de passagem aérea, hospedagem, alimentação e seguro de vida.

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Post de Amanda Costa no LinkedIn, ação que tornou possível a participação das ativistas na COP 26 | Créditos: Reprodução/InternetPost de Amanda Costa no LinkedIn, ação que tornou possível a participação das ativistas na COP 26 | Créditos: Reprodução/Internet

Amanda diz ter se surpreendido com a repercussão da publicação e, principalmente, com o fato de as contribuições terem permitido o embarque de outras três jovens ativistas: Mahryan Sampaio, Ellen Monielle e Vitória Pinheiro.

“O resultado foi incrível. Além de arcar com os custos da minha viagem, nossa rede se mobilizou de uma forma tão potente que estamos conseguindo arcar com os gastos de uma jovem liderança negra do Rio Grande do Norte, uma jovem mulher trans da Amazônia e uma jovem ativista, acadêmica e palestrante”, diz Costa.

Pautas e importância

No evento, Amanda pontua que as ativistas debaterão sobre política, queimadas na Amazônia, genocídio do povo negro no Brasil, gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e enfraquecimento das políticas de gestão ambiental.

“Além disso, vamos abordar na COP 26 a limitação da participação da sociedade civil em alguns colegiados, perseguição aos povos indígenas e tradicionais quilombolas e, principalmente, o racismo ambiental, que afeta os grupos que estão vulnerabilizados no sistema”, explica.

Leia também: ‘O que é racismo ambiental e como contribui para a retirada de direitos no Brasil’

“Mulheres negras poderem participar da COP 26 é muito importante, pois ganhamos um espaço grande para disseminar nossas pautas, o que nós acreditamos e assuntos que geralmente não são abordados. Quem normalmente está na tomada de decisão desses espaços são os homens brancos. Ter a nossa voz ali é algo muito poderoso, que pode influenciar positivamente outras mulheres”, é o que diz uma das ativistas, Ellen Monielle.

Ellen ressalta que nas periferias é imprescindível mostrar às pessoas que as pautas ambientais não estão distantes delas. Em sua opinião, o ativismo climático atualmente pode contar com o auxílio da internet para democratizar as pautas.

As ativistas negra participantes da COP 26 (da esq. para dir.): Amanda Costa, Marhyan Sampaio, Ellen Monielle e Vitória Pinheiro | Créditos: Acervo PessoalAs ativistas participantes da COP 26 (da esq. para dir.): Amanda Costa, Marhyan Sampaio, Ellen Monielle e Vitória Pinheiro | Créditos: Acervo Pessoal

“De certa forma, tudo que está acontecendo afeta diretamente a periferia, portanto, é essencial mostrar esse lado, sempre lembrando que sim, a internet pode auxiliar a gente, bem como o trabalho de base, mas é bom lembrar que o Brasil ainda vive uma forte exclusão digital”, avalia.

Apoio durante o evento

“Tivemos parceiros-chave nessa empreitada rumo à COP 26, empresas que possuem CEOs mulheres em sua constituição e se sensibilizaram com nossa história e causa. É a realização de um sonho poder levar pautas tão importantes para a sociedade civil brasileira. Hoje, vivemos um misto de frio na barriga, animação, empolgação e a sensação fantástica de estarmos seguindo nosso propósito”, comenta Marhyan.

Durante a COP 26, o Coletivo Atlântica, grupo de comunicação da periferia, dará suporte às ativistas para que elas contem tudo o que está acontecendo de mais interessante na conferência a partir de uma visão jovem, periférica e descolonizada. Amanda explica que o Brasil possui uma das maiores reservas de floresta do mundo e que por isso tem uma posição estratégica nos diálogos globais. “Quando um governo ataca os direitos de povos tradicionais e nega a crise climática, perdemos influência no cenário internacional”, ressalta Amanda Costa.

Mahryan Sampaio pondera ainda que mais da metade da população brasileira é negra, mas mudanças climáticas são tratadas a partir de uma visão embranquecida, que não busca acessibilizar o discurso e fazê-lo uma luta de todos.

“Nesta COP 26, buscaremos trazer as perspectivas das juventudes negras e femininas para que sejam levadas em consideração nas ações e políticas públicas direcionadas à frear a crise climática, além de acessibilizar o discurso de um espaço grande de tomada de decisão para a população periférica”, finaliza.

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