Uma parceria entre o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) com a Coordenação de Promoção da Saúde, da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem atuado na promoção da saúde mental de jovens indígenas na Serra da Bocaina, área que abrange as cidades de Ubatuba (SP), Angra dos Reis (RJ) e Paraty (RJ).
Os recentes casos de violência autoinfligida entre os guaranis da região levantaram a urgência de se criar ações preventivas nas aldeias. Com o apoio de pesquisadores do Fórum das Comunidades Tradicionais e da Fiocruz, o projeto busca traçar estratégias de cuidado com a saúde mental da juventude.
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O Fórum reúne lideranças de comunidades dos três municípios, que atuam de forma permanente com as aldeias. Isso possibilita uma maior articulação e aproximação com as pessoas dos territórios.
“Enquanto movimento, percebemos a necessidade de debater sobre o assunto para procurarmos entender o que estava acontecendo e fortalecer os jovens nos territórios”, destaca Ivanildes Kerexu, liderança da Aldeia Rio Bonito, localizada em Angra dos Reis, ao Portal Fiocruz.
O projeto entende que a violência autoinfligida entre adolescentes indígenas é um desafio que exige abordagens sensíveis e intersetoriais. Fatores como discriminação, falta de conexão com a cultura ancestral, desigualdades sociais e econômicas causam impactos profundos na saúde mental dessa população.
Uma das atuações da iniciativa busca estimular realizar uma aproximação entre esses jovens e as tradições ancestrais da etnia. “Os adultos das comunidades foram entendendo que, de fato, esse resgate e a valorização da cultura guarani são caminhos que salvam vidas”, conta Marília Capponi, apoiadora matricial em saúde mental da VAAPS.
Adriana Castro, da VPAAPS, ressalta a urgência de abordar as questões de saúde mental nas comunidades indígenas, dado o constante cenário de violência e o racismo que as afetam.
“Num cenário em que o direito à terra é violado com violência, perdendo-se os elementos que constituem os seus modos de vida e bem-estar, as comunidades indígenas experimentam grande sofrimento e os jovens, especialmente, são pressionados por mecanismos de aculturação e práticas de exploração”, comenta.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a Serra da Bocaina possui uma população indígena de 1.865 pessoas, sendo 704 habitantes em Angra, 643 em Ubatuba e 518 em Paraty.