Programação ocorre entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro, sempre a partir das 15h e no Instagram da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros
Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação
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Como refletir sobre a memória do tráfico num contexto caracterizado pelo racismo estrutural, a supremacia branca e o genocídio da população negra brasileira? Questionamentos como esse motivaram a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros a promover de 31 de agosto a 4 de setembro, sempre a partir das 15h e no Instagram, uma série de lives sobre os 170 anos do fim do tráfico transatlântico de africanos escravizados.
Serão discutidos temas como: A África, o Brasil e o tráfico de escravizados; A repressão e a agência africana; Retornos, conexões e circularidades; e As visões e a memória do tráfico de escravizados. A programação é composta por 16 historiadoras e historiadores negros atuantes no Brasil, nos Estados Unidos e na França, com experiência de pesquisa em diversos países africanos.
Há 170 anos, o fim do tráfico transatlântico de africanos escravizados passou a ser uma prioridade para o Estado brasileiro, que passou a tomar medidas concretas para interrompê-lo. Assim, a promulgação da Lei de número 581, em 4 de setembro de 1850, também conhecida como Lei Eusébio de Queirós, foi um evento crucial na formação e na história da nação brasileira por razões que vão além da atuação do então ministro cujo nome batizou a lei.
Em mais de três séculos, o Brasil se tornou o destino de aproximadamente 5,3 milhões de homens, mulheres e crianças, que foram arrancados da África e submetidos à escravidão em minas e plantações de açúcar, algodão e café, nos serviços domésticos e diversas atividades urbanas. Desse total, 4,8 milhões de pessoas sobreviveram à travessia. Ou seja, cerca de 500 mil vidas humanas foram perdidas em quase 10 mil viagens através do Atlântico. O Brasil foi a nação que mais recebeu africanos escravizados nas Américas – em torno de 45%, segundo as estatísticas mais recentes.
No início do século 19, o fim do tráfico já havia sido objeto de tratados internacionais assumidos em décadas anteriores, que resultaram, especialmente, na Lei de 7 de novembro de 1831, apelidada de “Lei para inglês ver”. Em 1850, portanto, o Estado brasileiro decretou a segunda lei de abolição do tráfico negreiro, novamente sob pressão inglesa. Nesses dezenove anos que separam uma lei da outra, aproximadamente 800 mil vítimas – uma média de 40 mil pessoas por ano – foram introduzidas no sistema escravista brasileiro, quando essa prática já era oficialmente um crime.
A programação completa sobre as lives está disponível no perfil do Instagram da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros (@historiadorxsnegrxs).