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Três meses após morte do menino Miguel, ativistas e familiares continuam a cobrar justiça

2 de setembro de 2020

Ativistas, advogados, artistas e familiares se unem em campanha para dar visibilidade e amplificar a voz de Mirtes Souza, mãe da criança que morreu após ter sido deixada sozinha no elevador de um prédio no Recife

Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Felipe Ribeiro/JC Imagens

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Neste dia 2 de setembro, a morte do menino Miguel Otávio, que caiu de um prédio na região central do Recife após ter sido deixado sozinho no elevador, completa três meses. Para marcar a data e cobrar a responsabilização de Sari Corte Real, ex-patroa de Mirtes Renata Souza e a responsável pela criança no momento do acidente, a Articulação Negra de Pernambuco (Anepe) lança a campanha “Justiça por Miguel”.

“Queremos visibilizar nacionalmente e internacionalmente o andamento do caso. Entendemos que é fundamental que a sociedade como um todo acompanhe o caso para que se alcance justiça. Também é uma forma de pressionar as autoridades para que mantenham uma postura de avançar sobre os procedimentos e interpelar a sociedade para que se posicione”, comenta a ativista Mônica Oliveira, integrante da Anepe e da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.

Até o dia 11 de setembro os advogados de Sari podem apresentar sua defesa e listar as oito testemunhas que tem direito. A ex-patroa da mãe do menino foi indiciada por abandono de incapaz seguido de morte, com agravamento em razão do estado de calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus.

“A luta de Mirtes não é só dela. Todas nós mulheres negras estamos ao lado de Mirtes. Essa luta é de cada mãe que perde o seu filho dessa forma. É, na verdade, uma luta de todas nós”, destaca Mônica.

A campanha é uma iniciativa conjunta da família de Miguel, Mana Bernardes e Articulação Negra de Pernambuco, em parceria com o Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop), o Coletivo Negritude do Audiovisual em Pernambuco e outros movimentos sociais, além da família de Miguel. “Eu não estou nada bem, estou com uma mistura de tristeza e ansiedade. São três meses sem meu neguinho e ansiedade pela campanha”, conta Mirtes.

A mãe de Miguel Otávio tem lutado por justiça, mas ressalta que a dor da ausência do filho pesa em datas como a de hoje. “Eu tenha muita fé em Deus de que o caso de Miguel não vai ficar impune. Para que não caia no esquecimento. Muita gente já falou que não vai dar em nada porque ela (a indiciada) é gente influente, mas eu não estou absorvendo essas críticas negativas. Eu creio na justiça divina, mas estou batalhando  para que seja pago também na justiça dos homens”, afirma.

“A minha luta não vai ser em vão, ela vai ser julgada, condenada e presa pelo o que cometeu. Pela irresponsabilidade de deixar o meu filho sozinho naquele elevador. Eu estou sofrendo sem meu filho. São três meses sem ele e ainda penso que tenho o resto da minha vida sem ele. Só eu e Deus sabemos o que se passa no meu coração”, desabafa.

campanha miguel

Com a participação da mãe da vítima, o lançamento da campanha por justiça conta com uma transmissão ao livo às 18h, no Facebook da Anepe. A Articulação Negra de Pernambuco é uma rede de ativistas e organizações negras que tem atuado no enfrentamento ao racismo no Estado, com cerca de 30 coletivos, organizações e movimentos vinculados. Nas redes sociais, o texto que anuncia a campanha pede que Sari seja responsabilizada pelo seu crime em todas as instâncias: criminal, civil e trabalhista.

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