Carreira no teatro, no cinema e na televisão foi marcada pela quebra de barreiras e contestações
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução
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Único aluno negro no curso universitário da EAD (Escola de Artes Dramáticas) da USP (Universidade de São Paulo), na década de 1960, o jovem João Acaiabe trazia nas veias o amor e o dom para o teatro. Em cena há 50 anos, Acaiabe fez da profissão um campo de luta antirracista e de debates das questões raciais inspirando centenas de outros jovens negros a trilharem o mesmo caminho.
O ator foi um dos primeiros a erguer a voz contra a recorrência de personagens ligados ao crime, a serviços domésticos ou ao período de escravidão para atores e atrizes negros e negras.
Aos 76 anos, o veterano e premiado ator se reinventa a cada dia buscando caminhos para levar cultura e conhecimento para as pessoas. São vigorosas e cativantes as suas apresentações contando histórias e lendas africanas e brasileiras, a exemplo dos griôs da África (sábios que preservam a cultura e a tradição de um povo pela oralidade).
“Eu já dirigi ele duas vezes no teatro, uma em projeto sobre o Luiz Gama e outra sobre o boxeador Emile Griffith. Ele sempre foi muito digno e respeitado pelos colegas, é um exemplo de liderança. É muito raro ter alguém como ele no meio artístico. Ele é sol para gente”, diz o ator e diretor Sidney Santiago Kuanza.
No teatro, Acaiabe tem uma longa trajetória de transgressão e vanguarda. Esteve presente em peças polêmicas com “Missa Leiga”, “Jesus Homem”, “Pedro Pedreiro” e “Barrela”, durante o período da ditadura militar.
Nesta quinta-feira (16), a partir das 22h, Acaiabe será o entrevistado da série “Papo (P)reto Especial”, do selo Homens de Cor, no Instagram do ator e diretor Sidney Santiago Kuanza (@sidneysantiagokuanza).
Acaiabe vai falar sobre as dezenas de filmes e trabalhos feitos na televisão e no rádio, onde começou como locutor ainda na cidade do Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo.