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Bacurau é a história de um quilombo, diz ator Wilson Rabelo

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4 de janeiro de 2021

Filme premiado e que entrou na lista de obras prediletas de Barack Obama reflete sobre a luta de resistência dos negros no Brasil, conforme indica o ator Wilson Rabelo em entrevista

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução

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Com mais de 45 novelas, dezenas de filmes e diversas peças de teatro no currículo, o ator Wilson Rabelo, que interpreta o professor Plínio, no filme “Bacurau” (2019), avalia que o longa-metragem mostra a estrutura de comunidade que se uniu como um quilombo. “A diversidade, a pluralidade, a ausência da necessidade do dinheiro e a relação saudável com a sexualidade, sem moralismo ou preconceitos, são características marcantes de um quilombo e que estão no filme”, diz o ator, de 63 anos de idade e 45 anos de carreira, em entrevista à Alma Preta.

O filme escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles e vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019 foi incluído pelo ex-presidente dos EUA, Barack Obama, em sua lista de obras cinematrográficas preferidas de 2020.

No longa, o personagem interpretado por Rabelo é filho de Carmelita, cujo velório dá início ao filme, e pai de Tereza, uma das protagonistas da história, que volta para Bacurau com remédios e se une à luta para defender o vilarejo. “É uma organização matriarcal sem opressão às mulheres. O meu personagem é um professor que tem um diálogo horizontal com os alunos. A medicina da Domingas [personagem da Sonia Braga] leva em conta as ervas e os saberes da ancestralidade”, conta.

Para fazer a preparação e se ambientar com a história de Bacurau, a equipe passou vários meses na cidade e os cerca de 200 figurantes, que eram moradores de lá, tiveram os mesmos treinamentos e preparação do elenco. “A ideia era trabalhar o interior do indivíduo, mostrar olhos que revelam a alma. Você percebe que no filme todos têm o mesmo olho denso, sem encarar, e com uma vivência interna”, pontua Rabelo.

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Cena de “Bacurau”, 2019. Foto: Reprodução

Na região onde foram feitas as filmagens, no interior de Pernambuco, o elenco visitou o Quilombo Boa Vista, que existe desde o final do século XIX. A experiência, segundo o ator, foi importante para encontrar as características peculiares do filme. A observação do cotidiano é uma técnica que Rabelo usa para construir seus personagens tanto nos filmes como no teatro e nas novelas.

“Todos os personagens que fiz tinham ligação com o povo, com a arte popular e com a afrodescendência. Isso me deu a oportunidade de ampliar o olhar sobre o homem simples”, orgulha-se.

 O ator faz, há mais de 20 anos, um monólogo no teatro com os textos da escritora Carolina Maria de Jesus. Ele também fez a peça “O Último Carro”, no Teatro Opinião; a peça “Calabar”, censurada na ditadura; e o espetáculo “O Homem que Sabia Javanês”, de Lima Barreto, que estreou Grupo Tapa.

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