Objetivo é conhecer melhor as demandas dos estados da região Norte do país a fim de propor ações como cursos de formação e buscar políticas públicas
Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Sibely Nunes
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Profissionais negros da cena audiovisual da região da Amazônia têm até o dia 8 de setembro para participar de um mapeamento realizado pelo Cine Diáspora, de Belém (Pará). O objetivo é conhecer melhor a realidade e as demandas dos profissionais nos estados, além de propor ações como cursos de formação e buscar políticas públicas nos estados.
“O mapeamento vai nos ajudar a perceber quais áreas precisam de mais atenção, quais são as nossas necessidades, se as pessoas querem aprender mais sobre roteiro, sobre fotografia, direção, etc. Compreendendo as necessidades poderemos propor ações, no âmbito do Cine Diáspora, como cursos, oficinas e rodas de conversa para aprofundarmos essas questões. Mas também, podemos junto com outros coletivos negros, lutar por políticas públicas que cheguem até esses produtores de cinema” explica a coordenadora Luana Peixe.
De acordo com a coordenadora, a iniciativa surgiu como necessidade de identificar melhor a diversidade no audiovisual nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. “Somos pessoas diversas e vivenciamos realidades muito diferentes, mas também por sabermos que fazer cinema é muito caro, ainda mais quando não temos incentivos significativos por parte do estado para fomentar o nosso cinema. Há ainda poucos lugares que ofereçam cursos de aprimoramento a preços acessíveis e quase nenhuma política de ação afirmativa para a área cultural”, enfatiza.
Há previsão de que as informações do mapeamento também sejam disponibilizadas nas redes sociais do Cine Diáspora ainda no segundo semestre de 2020. Para participar, basta preencher o formulário online voltado para pessoas negras da região amazônica que produzem vídeos para YouTube, Instagram, além de roteiristas, fotógrafos, editores de vídeo e áudios, e filmakers.
O Cine Diáspora é uma iniciativa de artistas, cineastas e produtores negros e negras de Belém, que se reuniram para exibir e refletir sobre as narrativas audiovisuais de africanos e seus descendentes na Diáspora. Em 2019, o coletivo realizou a “Mostra Sankofa – O Cinema de John Akomfrah: a construção coletiva do cinema negro”, que visitou três bairros periféricos da capital paraense, com três filmes do cineasta ganês-britânico John Akomfrah, além de promover debate sobre cinema e culturas africanas, programação musical e degustação da culinária do Benin.
A articulação também realizou o I Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus, que homenageou a atriz, professora, militante do movimento negro e criadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará. O evento teve mais de 100 filmes inscritos de todo o Brasil, com 11 exibições que se alternavam em espaços de cinema convencionais no centro da cidade e em cineclubes na periferia das cidades de Belém e Ananindeua. “O festival teve três categorias para inscrição, nos formatos para web, curta-metragem e videoclipe. A escolha dessas categorias reflete a nossa busca por abranger a diversidade do audiovisual negro do país e, principalmente, da Amazônia”, destaca Luana.
Neste ano, o Cine Diáspora aprovou um projeto no edital da Secretaria de Cultura do Estado do Pará que contribuirá para a realização do II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus. “No segundo evento já batemos o número de inscrições do ano passado, chegando a mais de 120 filmes inscritos. Em 2020 também homenageamos a atriz Roselene Cordeiro”, comemora a coordenadora.