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Filme ‘Alemão 2’ traz tensões raciais e protagonismo feminino

Sequência de "Alemão" estreia nesta quinta-feira (31) e coloca em destaque mulheres negras para retratar o conflito entre a polícia e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro

Atriz Mariana Nunes que representa a personagem Mariana em 'Alemão 2'

Foto: Foto: Divulgação

29 de março de 2022

O filme “Alemão 2”, sequência do sucesso de 2014 nas telas brasileiras, estreia nos cinemas nesta quinta-feira (31). A nova produção se passa nove anos após a ação militar que visava acabar com a presença do tráfico no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Agora, policiais civis tentam capturar o traficante Soldado (Digão Ribeiro), que domina o morro depois da falência das UPPs  (Unidades de Polícia Pacificadora).

A continuação do filme traz mudanças importantes na composição do elenco e personagens ao dar protagonismo feminino para retratar as nuances da política de guerras às drogas do Rio de Janeiro. Além disso, a trama tenta apresentar com maior profundidade seus personagens negros.

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“Acho que houve uma evolução muito grande do primeiro filme para o segundo. ‘Alemão 2’ consegue preencher espaços que o primeiro não preenchia. É um filme de ação e de reflexão, com várias mensagens que a gente quer que chegue nas pessoas”, explicou o diretor José Eduardo Belmonte durante coletiva de imprensa realizada no Cine Marquise, em São Paulo (SP). 

A produção demorou cerca de sete anos até chegar às telonas, desde sua idealização. Segundo o diretor, os recentes acontecimentos no país influenciaram a história e inspiraram o enredo, que teve de ser reescrito várias vezes. O roteiro é de Marton Olympio, já a incorporação do elenco mais diverso foi uma proposta da produtora executiva Marília Garske.

“Eu tive a felicidade de participar desse projeto desde o momento de roteirização. Acho que o primeiro roteiro que a gente recebeu tinha mais similaridades com o ‘Alemão 1’, com muito mais personagens masculinos e a gente foi conversando e entendendo que isso não era mais um reflexo da sociedade hoje”, disse Garske.

O filme é estrelado por Vladimir Brichta, Gabriel Leone e Leandra Leal, que interpretam policiais civis. Além deles, “Alemão 2” conta com Digão Ribeiro, Aline Borges, Dan Ferreira, Zezé Motta, Mariana Nunes, Demick Lopes e Ricardo Gelli no elenco.

Guerra ‘sem sentido’

A produção, apesar de trazer uma história ficcional, consegue retratar a dura realidade da segurança pública brasileira, mostrando uma polícia ineficiente, sucateada e muitas vezes violenta, moradores inocentes que perdem a vida no fogo cruzado, além da corrupção institucionalizada. O filme também foge da dicotomia entre heróis e vilões e traz complexidade ao abordar as relações entre policiais e traficantes. 

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Frame do filme com os personagens Soldado (Digão Ribeiro) e Parnau (Demick Lopes) | Foto: Divulgação

“Existe uma guerra contra o tráfico na qual seu real objetivo não é dito, e no meio da guerra corpos pretos vêm morrendo, tanto do lado das comunidades quanto da polícia. Poder representar o Gustavo [Soldado] foi uma oportunidade de levantar questões que a gente não se atenta sobre as camadas que existem nas vidas dessas pessoas”, pontuou Digão Ribeiro sobre como foi retratar seu personagem. 

Na coletiva de imprensa, os atores lembraram também o quanto os policiais também são grandes vítimas de uma guerra ‘sem sentido’. “A polícia carioca é a que mais mata, a que mais morre e a que mais se mata. Então, isso não interessa nem à sociedade nem à própria polícia. O que gera a seguinte discussão: que tipo de polícia a gente quer?”, provocou Vladimir Brichta, que dá vida ao policial civil Machado. 

O ator lembrou ainda que a polícia inicialmente foi criada para defender a propriedade privada e que essa lógica teria de ser revista já que ainda não seria possível eliminar tal instituição. “Muito sintomático que o brasão da polícia do Rio de Janeiro tenha um café. Eles estavam ali para defender o território que esse café era produzido e não as pessoas. A gente quer continuar com essa polícia criada para ser truculenta?”, perguntou.

As mulheres

“Alemão 2” conta com grande representatividade feminina, com a chefe da polícia, Amanda, representada por uma mulher negra, a atriz Aline Borges; a agente ‘novata’ que enxerga a possibilidade da existência de uma polícia mais humanizada, a Freitas (Leandra Leal); a mãe-solo, Mariana, que luta para zelar pela vida do filho diante de tanta violência, incorporada pela atriz Mariana Nunes; além da grande matriarca respeitada por todos na comunidade vivida por Zezé Motta.  

“Minha personagem é muito importante porque retrata a mulher negra da periferia, que sempre foi a responsável pelo cuidado da família e de toda a comunidade também. Com esse filme finalmente vem esse reconhecimento!”, declarou Zezé Motta. 

O longa é produzido pela RT ​Features, de Rodrigo Teixeira, com coprodução da Buena Vista International e do Canal Brasil. Confira o trailer.

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