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Mostra de Literatura Negra reúne 2 mil pessoas em São Paulo

22 de março de 2018

Encontro contou com a participação de figuras nacionais que se debruçam sobre literatura e ilustração negras. O evento também contou com o lançamento de livro inédito de Carolina Maria de Jesus

Texto / Thalyta Martina
Imagens / Amauri Eugênio Jr., Pedro Borges e Thalyta Martina

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A Mostra de Literatura Negra Ciclo Contínuo ocorreu entre os dias 16 e 18 de março, na Galeria Olido, localizada no Centro de São Paulo. O evento foi organizado pela Ciclo Contínuo Editorial, editora independente que se dedica à publicação de obras da cultura afro-brasileira.

As atividades iniciaram-se na noite do dia 16, quando Marciano Ventura, editor e organizador da Mostra, abriu o evento juntamente com o escritor Oswaldo de Camargo, que discorreu sobre a vida e obra de Paula Brito, escritor e primeiro editor brasileiro.

1oswaldodecamargoO escritor Oswaldo de Camargo fala para o público na abertura da Mostra (Foto: Equipe Alma Preta)

Antes da abertura da solenidade, na entrada do auditório, uma pessoa perguntou se seu Oswaldo estava animado para a mostra? Ele respondeu “tudo que é nosso me empolga!”. No auditório, ele falou da falta de reconhecimento e da importância de Paula Brito, que além de editar e publicar livros, fundou o “Homem de Cor”, primeiro jornal brasileiro a discutir a questão racial no país.

Na manhã do dia 17, a feira de livros aconteceu no saguão reunindo editoras com foco em questão racial e/ou escritores negros de todo Brasil, enquanto a poetisa e professora universitária Lívia Natália e o escritor, poeta e dramaturgo Cuti, discutiam no segundo andar, na Sala Vermelha sobre a escritura e a poética negra brasileira. A necessidade de o negro ser visto como escritor e como a literatura pode trazer humanidade ao ser negro no Brasil também foram abordados.

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Mesa “A escritura poética negra na literatura brasileira” com Cuti e Lívia Natália (Foto: Equipe Alma Preta)

À tarde, ocorreu o debate “Clube de Leitura Negrita convida: texto e imagem, uma conversa sobre ilustração e literatura”, com Brunata Mires, Edson Ikê, Junião e Silvana Martins, que discutiram sobre processos de criação de conteúdo; dificuldades enfrentadas no mercado editorial; e sobre dificuldades para gerenciar o trabalho e a vida pessoal. O Clube Negrita é um clube para a leitura de escritoras e escritores negros, que foi criado por Brunata em 2017. Ele acontece bimestralmente mediando leituras e um leilão de artes visuais criadas por artistas negros.

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“Clube de Leitura Negrita convida: texto e imagem, uma conversa sobre ilustração e literatura”, com Brunata Mires, Edson Ikê, Junião e Silvana Martins (Foto: Equipe Alma Preta)

Pouco depois, já às 16 horas, Heloisa Pires Lima e Fausto Antonio comandaram a mesa “As dimensões didáticas da literatura negra para infância e juventude” e falaram sobre a necessidade de olhar para as crianças negras e produzir material voltado para elas. Aqui também ocorreu uma reflexão por parte do Fausto sobre a branquitude e acerca de só o sujeito negro ser racializado.

Em seguida, os livros “No Reino da Carapinha”, de Fausto Antônio, e “As Férias Fantásticas de Lili”, de Livia Natália, foram lançados para o público presente.

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Lançamento do livro “As Férias Fantásticas de Lili”, de Livia Natália (Foto: Equipe Alma Preta)

O dia encerrou-se com a apresentação do Musical “Pelamô”, do poeta Akins Kintê e convidados, como Robsom Selectah.

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“Pelamô”, é musical baseado nas poesias do livro e CD “Muzimba, na Humildade Sem Maldade”, foi criado pelo poeta (Foto: Equipe Alma Preta)

O último dia de evento foi aberto com a Oficina “Família leitora – mediação de leitura”, com Leo Bento e Luciana Barrozo. Crianças estiveram presentes e puderam interagir com livros que foram espalhados. Houve uma discussão sobre as dificuldades de diálogo com o poder público e as escolas particulares para as pequenas editoras colocarem esses livros voltados a crianças negras em circulação nesses espaços. Aqui uma fala foi emblemática: foi relatado que as escolas costumam pedir para eles voltarem com o livro para ser trabalhado apenas em Novembro, mês em que é comemorado o dia da consciência negra.

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Oficina “Família leitora – mediação de leitura” (Foto: Equipe Alma Preta)

Logo depois teve o lançamento do livro “Mente aberta”, de Akanni Alves, no saguão da Galeria Olido, onde estavam os expositores que apoiaram o jovem escritor.

À tarde aconteceu a leitura do portfólio fotográfico de António Terra (RJ) e workshop com o fotógrafo. Terra contou sobre sua trajetória, primeiros contatos que teve com uma câmera fotográfica e o seu desenvolvimento na profissão. Foi um diálogo bastante rico;

A mesa “Carolina Maria de Jesus desatando alguns nós”, ocorreu em seguida, com a pesquisadora de autoras negras brasileiras, Fernanda Rodrigues de Miranda, e a pesquisadora da obra de Carolina Maria de Jesus desde 1999, Raffaella Fernandez. Às 18h, o lançamento do livro “Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos”, de Carolina Maria de Jesus, contou com a presença da família da escritora. Vera Eunice, a filha, contou sobre a vida da mãe desde a vivência em Sacramento (MG), até a vinda para São Paulo, na favela do Canindé, às margens do Rio Tietê.

1livrocarolinaVera Eunice, filha de Carolina Maria de Jesus, e Cosme Alves (Foto: Equipe Alma Preta)

O encerramento do evento, no qual circularam em média 2 mil pessoas, ficou por conta de Renato Gama & As Pastoras do Rosário, que cantaram Carolina Maria de Jesus.

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Renato Gama & As Pastoras do Rosário fecharam a Mostra de Literatura Negra (Foto: Equipe Alma Preta)

 

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