Em seu terceiro álbum, Samora N’zinga brinca com os contrastes estéticos e conceituais por meio de letras que falam ao mesmo tempo sobre amores e distopias no Brasil de 2021. O álbum, que propõe uma reflexão sobre a crise ambiental, política, sanitária e econômica, foi lançado no Dia Mundial do Hip Hop, em 12 de novembro.
Samora possui formação em Ciências Socioambientais: “O maior conflito que a gente vive hoje, a grande questão da nossa geração, é justamente o meio ambiente, e isso parece que está sendo negligenciado pelas artes. E o rap, conhecido pela presença de pautas sociais em suas obras, não tem dado a devida atenção para essa questão”, ressalta.
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Musicalmente, Samora N’zinga dá continuidade à sua jornada de retorno às raízes musicais do afro trap com uma proposta que mistura o afrobeat com o Trap das ruas de Belo Horizonte.
“O álbum inteiro foi construído em cima de uma narrativa. A música ‘Chuva’ fala muito sobre a crise climática e barragens de rejeitos. E dialoga com a minha vivência em um município minerador. Vejo minhas memórias de infância potencialmente sendo destruídas por lama de minério. A faixa carrega melancolia e um grito pra gente não perder a esperança”, reflete N’zinga.
O rapper, além de falar sobre a destruição ambiental, reflete sobre outros valores, como os das comunidades de terreiros de candomblé, umbanda para a preservação do meio ambiente. A primeira faixa do álbum chamada ‘Uma flecha’ fala sobre a sabedoria dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas.
Ainda serão lançados os videoclipes das músicas ‘Mago das Ruas’ e ‘Tô Suave’ nos dias 19 e 26 de novembro, respectivamente.
Em ‘Mago das Ruas’, o personagem, incorporado por Samora N’zinga, vive em um local longe da cidade e, quando chega nela, se depara com pessoas depressivas, viciadas em celulares e doentes com a pandemia. Já o videoclipe de ‘Tô Suave’, assume o papel de futuro alternativo da narrativa anterior, na qual o indivíduo, ao mesmo tempo em que se liberta das questões outrora citadas, percebe que após a transformação desse ambiente, o mundo jamais será o mesmo. A inspiração para essa faixa e vídeo vieram da sua infância em Itabirito.
“Eu fui criado em um município minerador, que tem ao mesmo tempo muitas belezas, que tem muita destruição também, e esse clipe fala muito disso, desse contraste. A música é como a conclusão do conflito”, afirma.
Carreira
Em 2011, Samora inicia sua trajetória como Rapper. Como MC de Batalhas recebeu mais de 100 títulos, dentre eles: Campeão do Duelo de MC’s (Belo Horizonte, MG), Batalha do Ded (Natal, RN), Batalha da Concha Acústica (Campinas, SP), Roda do Santa Cruz (São Paulo Capital) e outras.
Em 2016, lançou seu primeiro disco, Primeiro Plano, e no mesmo ano fez parte do grupo Rumo Certo MC ‘s. Além de fazer alguns shows por todo território nacional, lançou o livro ‘Viva em Versos’ pelo Rumo Certo MC ‘s, em 2017. Ano que fez turnê em Moçambique e lançou um videoclipe que recebe o nome de ‘País’ e soma mais de 70 mil visualizações no Youtube.
E depois de retornar do continente africano, em 2019, lançou seu segundo disco, ‘D.A.A.T’, com participação de rappers como Djonga e apresentações no Mineirão, Virada Cultural de BH, Duelo de MC ‘s Nacional, YBY Festival e Azedinho. Com a chegada da pandemia, participou do quadro #VaiSerRimando com Emicida, no Twitch do Lab Fantasma. Participou ainda de vários shows online como o Música Mundo Conecta, Festival Hip House, e Arte com Respiro, do Itaú Cultural, e lançou dois clipes: o ‘Tudo que vivemos’ e ‘Revigora’.
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