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Relação antiga de Pernambuco com o samba segue viva

Foi no estado em que palavra “samba” foi registrada pela primeira vez, na revista local Carapuceiro, em 1838; principais escolas mantém a tradição com programação, mesmo sem perspectiva de desfile devido à pandemia 

Texto: Redação I Imagem: Nilton Pereira 

Imagem mostra mulher negra no samba.

2 de dezembro de 2021

“Negro transporta pro samba o amor. E faz sambar muita gente que nunca sambou”. A letra de “Samba de Negro”, canção interpretada por Wilson Simonal, revela a relação entrelaçada do povo negro com o ritmo. A expressão histórica tem sua origem nos negros escravizados e até hoje se reinventa para não deixar morrer a cadência e batuque fortes em vários cantos do Brasil. Em Pernambuco, o Dia Nacional do Samba, celebrado em 2 de dezembro, é ilustrado com a continuidade das escolas que trouxeram ao ritmo a incorporação de instrumentos de execução musical e coreografias herdadas do frevo, do maracatu, da capoeira, além de outras expressões. 

Com o início das rodas mais presentes nas zonas periféricas do Recife, o estado conta com desfile e premiação há anos tendo o brilho, o ritmo e a presença do povo negro cantando em coro nas principais vias da capital. Segundo pesquisadores e historiadores da expressão, foi em Pernambuco que a palavra “samba” foi registrada pela primeira vez, na revista local Carapuceiro, em 1838. 

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De lá pra cá, muitas escolas e agremiações deram continuidade a riqueza do samba como cultura e ganharam prestígio nacional por seus trabalhos junto ao ritmo, exemplo disso é a Gigante do Samba (1942), da Bomba do Hemetério, a Galeria do Ritmo (1862), com sede no Morro da Conceição, ambas na Zona Norte do Recife. 

Articulação com o movimento também tem história e segue com  as escolas dos municípios vizinhos à capital, como em Jaboatão dos Guararapes, com a Rebeldes do Samba (1962); e em Olinda, com a Escola de Samba Preto Velho (1974), com sede no Alto da Sé, no Centro Histórico da cidade. 

O estado ainda revela nomes de prestígio da mesa de samba autoral, como Paulo Perdigão, Dona Selma, Souza da  Galeria do Ritmo, Marise Félix do Gigante do Samba e Dona Lali da Rebeldes do Samba protagonizam o projeto. A contribuição à arte também é lembrada com a participação dos principais carnavalescos da região, entres eles “Xuxa”, Danda e Fabiano Silva.

História que virou série 

A fim de costurar a história do samba em Pernambuco na busca do reconhecimento desta expressão artístico cultural e musical como cultura também deste território, a pesquisadora e produtora cultural lançou a série “Contando a História do Samba”. Nomes citados anteriormente narram uma trajetória que, até então, não tinha sido documentada e compartilhada como um movimento de força no estado. 

Com relatos e reflexões sobre suas contribuições, nomes importantes da cultura popular são entrevistados e cenas do carnaval de antigamente com registros de ensaios contemporâneos ilustram a obra. A expectativa comum dos entrevistados, da idealizadora e demais integrantes do movimento, é que a contribuição cultural da expressão seja reconhecida como Patrimônio Cultural de Pernambuco.  O material está disponível no Youtube.

E tem que continuar 

Enquanto o título não vem e as perspectivas para o desfile oficial de carnaval na capital são baixas devido à pandemia, as escolas seguem fazendo eventos de menor porte como nos ensaios das baterias dentro de suas sedes.. Essa é uma maneira de angariar fundos para a manutenção e criação dentro das agremiações.

Na sexta-feira (3), a partir das 20h, a Gigante do Samba realiza mais um ensaio. O “Ensaio do Rolo Compressor” promete agitar a quadra verde e branca. Informações de como chegar e entrada estão disponíveis através do link.

Já na Escola de Samba Preto Velho, no domingo (5) será realizado o “Almoço Musical” na sede verde e rosa da escola, com presença da bateria oficial, demais atrações e um buffet. Para os interessados, mais informações estão disponíveis aqui

Não funciona como uma escola, mas recebe nomes como o da cantora pernambucana Gabi do Carmo – que tem um trabalho de resgate da produção musical negra no samba no seu repertório – o Armazém do Campo, uma mercearia e bar do Movimento Sem Terra, na zona central do Recife, também contribui na continuidade do legado cultural. Espaço dar lugar ao ritmo sempre nas tardes de sábados e no próximo dia 4 não fará diferente

Nas demais escolas, os ensaios são realizados sem cronograma específico e não possuem novas datas. Para conferir, o ideal é acompanhá-las nas redes sociais para demais atualizações. 

Leia também: Racismo e carnaval na cadência do samba

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