PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

‘A força que nós temos é diferente’: Rayssa Leal conquista medalha de bronze em Paris

Em disputa difícil e cheia de recordes e reviravoltas, a brasileira levou mais uma medalha olímpica para casa e falou à Alma Preta sobre como se sente
Rayssa Leal conquistou sua segunda medalha olímpica, com um bronze no skate street feminino.

Rayssa Leal conquistou sua segunda medalha olímpica, com um bronze no skate street feminino.

— Gaspar Nóbrega/COB

28 de julho de 2024

Paris – Neste domingo (28), a maranhense Rayssa Leal conquistou sua segunda medalha olímpica, com um bronze no skate street feminino. Com o feito, ela se tornou a atleta mais nova a conquistar medalhas em duas competições olímpicas diferentes, aos 16 anos e seis meses. Em Tóquio, a brasileira conquistou a prata com apenas 13 anos. Já agora, em Paris, confirmou o favoritismo ao pódio.

Em uma disputa difícil, o ouro de 2024 ficou com a japonesa Yoshizawa Coco e a prata com a também japonesa Akama Liz. O pódio deste domingo (28) repete a ordem do atual ranking mundial de skate street feminino.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Na saída do evento, Rayssa falou à Alma Preta sobre ter se tornado uma inspiração para meninas e adolescentes negras do Brasil.

“Só de ser inspiração para mim já é muito gratificante, sabe? Ainda mais sabendo que muitas mulheres negras, querendo ou não, passam por preconceito na infância e até já na vida adulta. Então eu me sinto muito honrada, porque a força que nós temos é diferente, né? Fico muito feliz mesmo de servir como inspiração, não só para as crianças, mas para todo mundo”, contou a estrela olímpica segurando nas mãos o bronze recém-conquistado.

Aos jornalistas na zona mista, a medalhista compartilhou que sentiu nervosismo durante a prova, mas que conseguiu se superar ao perceber que só precisava relaxar e tentar se divertir. Ela também afirmou que se sentiu em casa devido à presença da torcida brasileira e que se sente muito mais madura em relação às Olimpíadas de Tóquio.

A skatista contou ainda que a playlist que ouviu durante a competição tinha músicas de Djavan (Um Amor Puro), Os Nonatos (Mudar pra quê?), Zezé di Camargo e Luciano (É o Amor) e L7.

2024.07.28 - Jogos Olímpicos Paris 2024 - Skate Street feminino. A atleta Rayssa Leal garantiu a medalha de bronze na modalidade. 
Foto: Gaspar Nóbrega/COB - @gasparnobrega
A skatista Rayssa Leal garantiu a medalha de bronze na modalidade. (Gaspar Nóbrega/COB)

Com forte presença da torcida brasileira na arena, o palco da medalha de Rayssa foi a histórica Praça da Concórdia — onde ícones da Revolução Francesa foram guilhotinados. O apoio à brasileira foi um dos destaques da disputa, sendo a skatista a competidora com a torcida mais vibrante da arena.

A praça onde ocorreu a competição fica próxima dos Jardins das Tulherias e do Museu do Louvre. Lá estão também as arenas de esportes urbanos como o BMX, o estreante Breaking, o Basquete de 3×3 e o Skate.

Melhores do mundo e nota histórica japonesa

A conquista de Rayssa foi alcançada em uma final tensa e cheia de reviravoltas, sob forte sol e calor. A medalha veio em disputa de final com outras oito skatistas: as japonesas Nakayama Funa, Akama Liz e Yoshizawa Coco; as estadunidenses Poe Pinson e Paige Heyn; a australiana Chloe Covell; e a chinesa Chenxi Chui.

Essas são algumas das melhores skatistas do mundo. Yoshizawa Coco é a primeira colocada do ranking mundial; Akama Liz é a segunda; Chloe Covell, a sexta; Chenxi Cui, a oitava; e Paige Heyn, a 11ª.

Terceira colocada do ranking mundial e bicampeã do mundo, Rayssa conquistou a maior nota da história das Olimpíadas durante as eliminatórias, com uma manobra que lhe rendeu 92.68 pontos. Ela superou o próprio feito na final, com uma manobra que lhe rendeu 92.88 pontos. Apesar disso, a disputa era difícil e a japonesa Yoshizawa Coco conseguiu uma manobra histórica, com a pontuação de 96.49, garantindo o ouro incontestável.

2024.07.28 - Jogos Olímpicos Paris 2024 - Skate Street feminino. A atleta Rayssa Leal garantiu a medalha de bronze na modalidade. 
Foto: Gaspar Nóbrega/COB - @gasparnobrega
A skatista Rayssa Leal garantiu a medalha de bronze na modalidade. (Gaspar Nóbrega/COB)

Reviravoltas e solidariedade

A rodada das voltas livres terminou com o ranking liderado pelas três japonesas. Em primeiro, a vice-líder do ranking mundial, Akama Liz, fez uma segunda volta surpreendente, com 89.26 pontos — superando uma primeira volta de apenas 13.28 pontos. Logo em seguida, vieram Yoshizawa Coco, com 86.80 pontos e Nakayama Funa, com 79.77 pontos. Rayssa terminou a primeira rodada em quinto lugar, com 71.66 pontos, atrás da estadunidense Poe Pinson.

Na rodada final, somando as notas válidas das manobras, a classificação mudou. As duas primeiras japonesas trocaram de lugar. Já Rayssa conseguiu chegar ao pódio apenas na última manobra, que lhe rendeu 88.83 pontos e a medalha de bronze.

A classificação final ficou assim:

1º – Yoshizawa Coco, com 272.75 pontos;

2º – Akama Liz, 265.95;

3º – Rayssa Leal, 253.37;

4º – Chenxi Cui, 241,56;

5º – Pinson Poe, 222.34;

6º – Heyn Page, 163.23;

7º – Nakayama Funa, 79.33;

8º – Chloe Covell, 70.33.

A última colocada também chamou atenção pela emoção diante dos erros nas manobras e a dificuldade para pontuar — a atleta caiu do skate em todas as tentativas na rodada final. A certa altura ela chegou a chorar nos braços de sua equipe técnica. O público presente se solidarizou com ela, apesar do resultado, vibrando a cada nova tentativa, lembrando que em uma Olimpíada todos os atletas merecem aplausos.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Solon Neto

    Cofundador e diretor de comunicação da agência Alma Preta Jornalismo; mestre e jornalista formado pela UNESP; ex-correspondente da agência internacional Sputnik News.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano