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Skate se despede em Paris com medalha de brasileiro ‘malabarista’ e neto de japonês

Augusto Akio surpreendeu com uso de malabares em final com três representantes brasileiros e arena cheia de celebridades no encerramento do skate nessas Olimpíadas
O brasileiro Augusto Akio segura malabares durante a competição do skate park nas Olimpíadas, Paris, 7 de agosto de 2024

Foto: Luiza Moraes/COB

7 de agosto de 2024

Paris – Nesta quarta-feira (7), o brasileiro Augusto Akio conquistou uma medalha de bronze na competição do skate park masculino na Praça da Concórdia, em uma das regiões mais visitadas da capital francesa. O pódio da competição teve ainda o bicampeonato do australiano Keegan Palmer — ouro em Tóquio e Paris — e a medalha de prata do estadunidense Tom Schaar. A Alma Preta esteve no local durante a disputa que encerrou as provas de skate nessa edição das Olimpíadas.

Além de Akio, outros dois brasileiros chegaram à final. Pedro Barros — medalha de prata em Tóquio — terminou a competição na quarta colocação, já Luigi Cini ficou em sétimo. Nenhum dos atletas na final do skate park eram negros.

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Akio foi medalhista diante de uma arquibancada com muitos brasileiros, além de celebridades como o rapper Snoop Dogg — que cobre as Olimpíadas pela rede NBC e se tornou um símbolo dessa edição dos Jogos, atraindo fãs por onde passa.

Estreante em Olimpíadas, o atleta brasileiro também chamou atenção na arena, mas pela medalha e pelo uso de malabares após uma de suas voltas. Na coletiva de imprensa depois da competição, ele explicou que essa é uma forma que encontrou para se distinguir e ser reconhecido.

Na entrevista aos jornalistas após a conquista, o skatista lembrou do colega Pedro Barros e disse que foi duro vê-lo fora do pódio: “Ele é merecedor tanto quanto eu”. Akio também afirmou que sua medalha mostra que o Brasil “faz um bom trabalho” na modalidade, ressaltou que não “chegou sozinho” ao pódio e demonstrou respeito a todos os envolvidos no trabalho em torno da competição: “Um campeonato de skate começa quando você dá bom dia para o primeiro segurança que está ali trabalhando”.

Na conversa, ele lembrou o papel de sua mãe, Silvana Takahashi, em sua carreira, salientando o esforço e o apoio incondicional dela na sua trajetória no skate. “Mesmo trabalhando em dois empregos, ela viajava comigo fim de semana, sim, fim de semana, não […]. Mano, não sei como ela aguentava. Ela trabalhava a semana inteira e no final de semana me colocava no carro e a gente ia para onde quer que tivesse campeonato”, disse. Silvana estava ao lado da área de imprensa e derramou lágrimas ao falar da conquista do filho.

Além da mãe, que o levava do Paraná para competições em outros estados, o atleta também lembrou de outro parente viajante: o avô japonês que veio para o Brasil contra a vontade da família e recomeçou a vida no interior de São Paulo trabalhando com acupuntura.

Para os jornalistas acostumados com respostas formais, a maneira do brasileiro se expressar, de forma leve e despreocupada, surpreendeu. O jeito de ser de Akio reflete o espírito livre dos atletas do skate, que demonstram menos competitividade e mais apoio mútuo e prazer ao competir — algo reforçado pelos atletas em diversas entrevistas em Paris. A cultura do esporte de rua, que já foi marginalizado, é uma boa amostra dos valores cultuados pelo dito espírito olímpico.

Resultados da final

A classificação da final do skate park nas Olimpíadas de Paris ficou assim:

1. Keegan Palmer – 93,11 pontos.

2. Tom Schaar – 92,23

3. Augusto Akio – 91,85

4. Pedro Barros – 91,65

5. Tate Carew – 91,17

6. Alex Sorgente – 84,26

7. Luigi Cini – 76.89

8. Keefer Wilson – 58,36

  • Solon Neto

    Cofundador e diretor de comunicação da agência Alma Preta Jornalismo; mestre e jornalista formado pela UNESP; ex-correspondente da agência internacional Sputnik News.

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