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Anistia a partidos que descumpriram cotas pode ter votação em agosto

Proposta que seria discutida na quarta-feira (3) foi adiada por discordância entre partidos
Imagem do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, responsável por retirar de pauta a PEC que anistia partidos por não cumprirem cotas de campanhas femininas e negras, devido discordâncias entre partidos.

Foto: Elaine Menke/Câmara do Deputados

4 de julho de 2024

Por divergências entre os partidos, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, decidiu retirar de pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 9/23, que concede anistia aos partidos políticos que não aplicaram, nas eleições anteriores, o mínimo de recursos em campanhas femininas ou de pessoas negras. Lira informou que o tema poderá ser votado em agosto.

A PEC foi retirada de pauta após solicitação do líder do PT, deputado federal Odair Cunha (PT-MG). “Há uma diferença importante entre o texto apresentado anteriormente e o texto que está sendo debatido pelo relator, deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP)”, destacou, conforme nota da Câmara dos Deputados.

Para o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), a Constituição não pode ser alterada por uma comissão especial de forma precipitada. “Não é só a maior anistia da história dos partidos políticos. É o maior atropelo. Jamais vi isso, e acompanho a vida política brasileira desde a adolescência, nunca vi um atropelo dessa forma”, criticou.

A proposta não chegou a ser votada na comissão especial, mas devido ao término do prazo de 40 sessões para a votação, o presidente da Câmara levou a matéria para o Plenário, conforme permite o Regimento Interno.

Segundo o texto apresentado pelo relator na comissão especial, o parlamentar Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), não serão aplicadas sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução e recolhimento de valores do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, se o partido não destinou o mínimo devido em razão de raça do candidato ou para a cota de candidaturas femininas.

Por lei, 30% do dinheiro desses fundos deve ir para candidatas mulheres. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, para as eleições de 2022 em diante, que candidatos e candidatas negras também deveriam ter reserva de recursos.

Do total para as mulheres, o dinheiro deveria ser distribuído proporcionalmente entre as candidatas negras ou não negras. O mesmo deveria ocorrer com o montante destinado aos candidatos homens negros e não negros.

De acordo com o texto do relator na comissão, também não poderão ser aplicadas sanções que resultem na perda de mandato ou que acarretem inelegibilidade pelo não preenchimento da cota mínima de candidaturas do sexo feminino nas eleições de 2022, quando a decisão judicial implicar redução do número de candidatas eleitas.

A versão mais recente do texto estabelece ainda nova regra para reserva de recursos desses fundos, determinando o uso de um mínimo de 20% nas candidaturas de pessoas pretas e pardas, independentemente do sexo, eliminando assim a proporcionalidade em relação aos candidatos apresentados à Justiça Eleitoral.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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