PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Descriminalização é diferente de legalização: entenda o que muda com a decisão do STF

Mesmo com a descriminalização do porte, usuários que forem flagrados consumindo maconha em locais públicos poderão ser abordados pela polícia
Imagem aproximada de uma flor de cannabis sativa.

Imagem aproximada de uma flor de cannabis sativa.

— Josep Lago / AFP

27 de junho de 2024

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do recurso que pauta a descriminalização do porte de maconha para o consumo próprio, tendo formado maioria favorável ao tema. Após nove anos de processo, a decisão da corte definiu como usuário aquele que “adquirir, guardar, depositar ou transportar até 40 gramas de cannabis sativa ou seis plantas fêmeas”.

A determinação, no entanto, não representa uma legalização da substância. No Brasil, o consumo de maconha seguirá sendo considerado como comportamento ilícito, não sendo permitido seu uso em público, por exemplo. Porém, as punições para a contravenção passarão a ser administrativas e não mais criminais.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Isto é, o usuário que for pego consumindo ou portando a quantidade fixada pelo STF ainda poderá ser abordado e levado para a delegacia, onde a droga será apreendida. Mas na delegacia, ao invés de ser preso, o usuário receberá uma advertência e será encaminhado para comparecer a um programa ou curso educativo sobre os efeitos da substância.

A presunção do usuário irá considerar outros fatores além da quantidade. Caso a pessoa seja flagrada com balanças de precisão, porções embaladas ou outros elementos que caracterizam crime, ela poderá ser presa em flagrante por tráfico de drogas.

A medida não visa a liberação do consumo ou da substância, mas traça parâmetros de distinção entre usuários e traficantes, de modo que faça valer a Lei de Drogas, que não prevê a aplicação da pena de prisão para o usuário. A intenção é evitar o encarceramento em massa e as condições desiguais nas prisões por tráfico, essas que acometem majoritariamente jovens negros.

A resolução ainda impõe ao Conselho Nacional de Justiça (CJN) a responsabilidade de articular e promover mutirões carcerários para “corrigir prisões que não seguirem os parâmetros determinados pelo Plenário”. 

No entanto, o entendimento do STF é de caráter temporário. O resumo da decisão indica que a regra valerá até que o Congresso Nacional crie uma nova lei sobre o assunto. 

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano