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‘Do povo para os líderes’: declaração do G20 Social exige ação global por justiça, sustentabilidade e inclusão

Cúpula no Rio reúne sociedade civil e movimentos globais em torno de propostas para justiça social, combate à fome e governança inclusiva; Documento será encaminhado aos líderes do G20
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Sessão de encerramento do G20 Social, no dia 16 de novembro, no Rio de Janeiro. Na ocasião, foi entregue ao líder político um documento da Cúpula Social do G20 apresentando propostas da sociedade civil global para justiça social, combate à fome e governança inclusiva.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

19 de novembro de 2024

No encerramento da Cúpula Social do G20, realizada entre 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro, a sociedade civil global entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Declaração Final com propostas ambiciosas e urgentes. O documento, resultado de meses de debates e participação de organizações sociais e movimentos de diversos países, sintetiza demandas essenciais que agora seguem para apreciação dos líderes mundiais na Cúpula do G20.

Sob o lema “Do povo para os líderes”, a declaração reflete o clamor de grupos frequentemente marginalizados nos grandes fóruns globais, como mulheres, negros, povos originários, LGBTQIAPN+, pessoas em situação de vulnerabilidade e trabalhadores da economia formal e informal. 

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Uma das mensagens centrais é de que o mundo precisa de transformações estruturais que enfrentem, de forma integrada, os desafios da fome, pobreza, mudanças climáticas e desigualdade, e que avancem para uma governança internacional mais democrática e inclusiva.

Fome, pobreza e desigualdade: uma prioridade global

O documento destaca a urgência de ações coordenadas contra a fome e a pobreza extrema, propondo a criação de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O foco é promover a soberania alimentar por meio de práticas agroecológicas e garantir acesso universal à alimentação saudável.

Os signatários também pedem o fortalecimento do trabalho decente, conforme os padrões da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e o enfrentamento de todas as formas de exploração laboral. Economias solidárias, cooperativas e o reconhecimento da economia de cuidados são apontados como caminhos para gerar inclusão e combater desigualdades estruturais.

Sustentabilidade e transição justa: compromisso ético com o planeta

A declaração denuncia o impacto desproporcional das mudanças climáticas sobre populações já vulneráveis, reforçando a necessidade de compromissos firmes no âmbito do Acordo de Paris. A transição para uma economia de baixo carbono deve ser guiada por princípios de justiça socioeconômica, com medidas que enfrentem o racismo ambiental e garantam condições equitativas para trabalhadores e comunidades marginalizadas.

Entre as propostas, destaca-se a criação do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF), um mecanismo de financiamento internacional dedicado à preservação das florestas tropicais e à valorização das populações que vivem delas. A meta é assegurar a proteção ambiental e limitar o aquecimento global a 1,5ºC, evitando danos irreversíveis.

Reforma da governança global: um chamado do G20 à democracia e à equidade

O modelo atual de governança internacional é criticado por sua incapacidade de responder aos desafios contemporâneos. A sociedade civil exige a reforma do Conselho de Segurança da ONU, ampliação do multilateralismo e maior inclusão de países do Sul Global nos fóruns decisórios.

O documento também alerta para os riscos à democracia decorrentes do avanço de discursos autoritários e desinformação. Reforça-se a necessidade de regulação das plataformas digitais e defesa da transparência e pluralidade informativa como pilares de uma governança global legítima.

A justiça fiscal é outro ponto central. Propõe-se a taxação progressiva dos super-ricos, com recursos destinados a fundos nacionais e internacionais para políticas sociais, ambientais e culturais, sempre sob controle social e transparência.

Ao final, a declaração apela aos líderes do G20 por compromissos ambiciosos e concretos. “Este é o momento de liderar com coragem e solidariedade”, afirma o texto, que ressalta a necessidade de fortalecer as instituições internacionais e institucionalizar instâncias participativas como a Cúpula Social do G20.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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