A vereadora Erika Hilton (PSOL) foi escolhida para ser presidente da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo. Eleita com 50.508 votos em 2020, a parlamentar é a primeira mulher trans na casa legislativa do maior município do país.
Em entrevista exclusiva à Alma Preta a vereadora falou sobre os planos para a comissão diante dos desafios que a conjuntura política e a pandemia do Covid-19 impõem. “A expectativa é fortalecer os movimentos, as entidades e as organizações que atuam na defesa dos Direitos Humanos, a partir de audiências, frentes de trabalho e grupos de estudos como já acontecem em outras comissões. Também vamos receber e encaminhar denúncias de violações dos Direitos Humanos. Vamos, com as frentes de trabalho, construir e elaborar projetos de lei que fortaleçam a defesa dos Direitos Humanos na cidade de São Paulo”, conta a vereadora, eleita por concenso de todos os membros da comissão.
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O combate ao racismo será um dos focos das atividades da comissão, segundo a vereadora. “As instituições têm um dever em relação ao combate ao racismo. [Na Câmara] Existem instrumentos que podem auxiliar a fazer o enfrentamento de dentro, mas também fortalecer o enfrentamento ao racismo que já acontece na sociedade, através dos movimentos sociais e organização que atuam na luta antirracista todos os dias. A comissão pretende valorizar e aproximar esses grupos para aumentar o alcance da luta antirracista”, comenta Erika.
A vereadora também questiona a ausência de uma secretaria municipal para a promoção da igualdade racial. O órgão existia, mas foi extinto na gestão de João Doria (PSDB) como prefeito, em 2016. “É um absurdo que a maior cidade do país não tenha uma secretaria voltada para essa temática. Temos que batalhar pela volta da secretaria de igualdade racial. Por outro lado, a comissão vai ter um papel importante para discutir essas demandas e as necessidades da população negra e o movimento negro organizado têm requerido e quais os caminhos, dentro da Câmara, serão tomados para dar encaminhando para essas demandas”, pontua.
Para Erika Hilton, com o agravamento da pandemia da Covid-19 um dos primeiros desafios é criar formas seguras de canais que aproximem a população da rotina da comissão dos Direitos Humanos. “Eu gostaria que as pessoas pudessem me procurar no meu gabinete, queremos uma comissão muito ativa e muito conectada com as pessoas. Mas com a pandemia, teremos que criar uma metodologia eficaz e inclusiva para que todos consigam encaminhar suas denúncias e questões ”, detalha.
A comissão de Direitos Humanos é formada por nove vereadores. O presidente anterior foi Eduardo Suplicy (PT), que agora será o vice de Hilton.