A Fundação Cultural Palmares, presidida pelo jornalista Sérgio Camargo, deve divulgar nos próximos dias um relatório com obras literárias sobre cultura negra de “qualidade e relevância”. Entre esses autores está a americana Candace Owens, de 32 anos, que ficou conhecida na internet por conta do seu ativismo pró-Trump, oposição ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e por ter dado declarações minimizando a atuação da Ku-Klux-Kan – organização de supremacistas brancos.
Owens também já criticou a população muçulmana na Inglaterra. Em 2017, ela criou o canal Red Pill Black, para incentivar o pensamento conservador entre a população negra americana e foi envolvida em uma investigação sobre o uso de robôs russos para reforçar uma campanha no Twitter que pedia a saída de pessoas negras do partido democrata.
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O relatório com a indicação de obras sobre a cultura negra, que inclui a escritora Candace Owens, é feito pelo CNIRC (Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra). “Pela primeira vez, a Palmares terá uma coleção de livros que abordará a cultura negra em sua riqueza e diversidade, valorizando a qualidade e a relevância”, diz o texto no site da fundação sobre o relatório.
Entre os autores brasileiros, o relatório da Palmares vai destacar o sociólogo Gilberto Freyre que, nas primeiras décadas do século 20, defendeu a ideia de que não havia racismo no Brasil. Mas, segundo a direção da Palmares, Freyre “expôs genialmente a contribuição negra para a formação da sociedade brasileira”.
Para descrever a escritora Candace Owens, o texto da fundação usa o adjetivo “combativa”. No último mês de junho, a instituição lançou outro relatório apontando obras no acervo da Fundação Palmares que tinham conteúdo político ou ideológico e prometeu doar os livros. Na ocasião em que anunciou o expurgo de livros supostamente de esquerda foi anunciado, Sérgio Camargo afirmou que o conteúdo das obras era pautado pela “bandidolatria”.
Sobre o Black Lives Matter – movimento mundial antirracista que tomou dimensões mundiais após o assassinato brutal do George Floyd por um policial branco, em maio de 2020 – Candace afirmou: “um bando de crianças choronas, fingindo ser oprimidas por atenção”.