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Nenhum parlamentar negro concorre à presidência da Câmara e do Senado

CONGRESSO_NACIONAL

1 de fevereiro de 2021

“São construídas várias barreiras que impedem pessoas negras de ocuparem esses espaços”, diz a cientista política Simone Silva

 Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Jonas Pereira/Agência Senado

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A Câmara dos Deputados é responsável pela escolha e votação de pautas de interesse público, assim como a aplicação dos recursos públicos brasileiros. Por lá, 24% dos parlamentares se autodeclaram negros. No Senado Federal, a situação é semelhante, com 20% de senadores pretos ou pardos. Por outro lado, não há nenhum negro entre os cinco candidatos à eleição nas duas casas que compõe o Congresso Nacional. O pleito acontece nesta segunda-feira (1º).

Na Câmara, a presidência que hoje é ocupada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) é disputada entre Alexandre Frota (PSDB-SP), Arthur Lira (PP-AL), André Janones (Avante-MG), Baleia Rossi (MDB-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG), General Peternelli (PSL-SP), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS). Já no Senado, a disputa para ocupar o cargo de Davi Alcolumbre (DEM-AP) ocorre entre Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Simone Tebet (MDB-MS), Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Podemos-RS).

A falta de representatividade na política brasileira é uma realidade que virou pauta na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, liderada pelo senador Paulo Paim (PT). O senador argumentou à Agência Senado que “há predominância de brancos na política brasileira e isso reflete de forma negativa nas ações afirmativas em prol do protagonismo negro.” 

“O problema central do Brasil é o racismo sistêmico. Que fundou instituições que levaram a esse processo de segregação, inclusive política”, ressalta o professor Juarez Xavier, reiterando que episódios como o da eleição no Congresso Nacional foram desenhados previamente, desde a estruturação da política nacional.

Entre os principais candidatos na disputa das duas casas, o perfil também se mantém o mesmo. Além disso, o apoio do governo federal vai para Rodrigo Pacheco, no Senado, e para Arthur Lira, na Câmara. A movimentação do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) para eleger os dois nomes tem sido feita a partir da concessão de emendas, abertura de ministérios e da liberação de mais de R$ 3 bilhões em verbas para parlamentares.

Para o ativista Douglas Belchior, integrante da Coalizão Negra Por Direitos, a representação do povo brasileiro está longe de ser vista na política. “O racismo é a lógica de manutenção do poder para a branquitude. O resultado disso é que a representação política que temos no Brasil é mais parecida com representação de países nórdicos do que com o povo brasileiro”, argumenta o também educador da UneAfro Brasil.

Além da questão de representatividade como a imagem de um corpo negro, a importância da participação de quem representa mais de 54% da população do país se dá etambém em outros contextos, conforme lembra a cientista política Simone Silva. “Quando eu, pessoa negra, entro nesse espaço onde eu posso estar nessas negociações de poder, eu levanto a voz em prol de atender esse público, do qual eu compreendo politica e socialmente. E compreendendo ainda que esse grupo não tem acesso a política no Brasil”, finaliza.

A eleição para a presidência do Senado está prevista para começar às 14h. A da Câmara dos Deputados deve ter início às 19h.

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