O governo cubano passa por uma crise política marcada por protestos populares em várias regiões da ilha, principalmente pelo agravamento da pandemia, corte de energia elétrica, restrições de acesso a alimentos e internet. No site do jornal Granma, veículo de comunicação oficial de Cuba, o governo relata que o apagão foi provocado pelos efeitos do embargo norte-americano.
Segundo o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que também é o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, desde 2019, o governo apresenta com transparência os desafios que o país iria enfrentar por conta da crise de energia. A situação foi agravada, de acordo com o presidente, porque os EUA tomaram diversas medidas de sanção internacional para boicotar a entrada de combustível em Cuba. Essas sanções não foram reduzidas nem durante a pandemia de Covid-19.
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Sobre os protestos, o presidente afirma que estes são inflamados por estrangeiros que querem desestabilizar a política cubana e o regime comunista, que começou em 1959.
“Quem se incomoda com o nosso regime? Não para a maioria das pessoas, porque a maioria apoiou o governo em milhares de debates públicos, dos quais também participaram quem pensa diferente. Quem está incomodado? Os Estados Unidos? Por que não veem as virtudes de um sistema que funciona para todos e tem resultados em áreas como saúde, educação, previdência social e paz de espírito?”, questionou o presidente Díaz-Canel.
Em relação às medidas tomadas para conter a pandemia, o governo comenta que a ameaça de intervenção humanitária externa, por conta do aumento no número de mortes, é mais uma tentativa de derrubar o governo. Ele ainda comparou os dados de mortes por Covid-19 com os de outros países. Por exemplo, em Cuba são 12,8 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto que no Brasil são 267 por 100 mil habitantes.
Sobre a alta de mortes, o presidente diz que houve um relaxamento da população. “Em vários locais a percepção de risco diminuiu e circulam cepas mais agressivas e com maior transmissão, o que ocasionou um pico pandêmico. Cuba demorou mais que outros países para entrar nesta situação, mas também vamos superá-la”, contou.
O país desenvolveu uma vacina própria, a Abdala, e tem outra em teste, a Soberana. “Hoje o país já vacinou 34% da população maior de 19 anos com uma dose. Lamentamos todas as mortes, mas também temos que reconhecer tudo o que foi feito pela vida. Caso contrário, teríamos mais mortes”, disse o presidente.
Por outro lado, as forças de oposição afirmam que a interrupção da internet foi uma estratégia para conter um levante popular contra o partido comunista. A ONG Cubalex fez um monitoramento dos protestos que acontecem na ilha e aponta que 136 pessoas foram presas ou estão desaparecidas, sendo que 38 delas são da capital Havana, onde se concentram os protestos.
A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com o consulado de Cuba em São Paulo, por e-mail, com perguntas sobre as prisões e a queda de internet no país, porém, a mensagem não foi respondida.