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‘Política é hostil às mulheres negras, mas seguimos firmes’, diz Gleide Davis, candidata à Câmara de Salvador

Candidata a vereadora de Salvador pelo PSOL nas eleições municipais de 2024 aborda em entrevista com a Alma Preta sobre segurança pública, mobilidade e a importância da equidade racial em sua trajetória política
Imagem da candidata de Gleide Davis, candidata à vereadora pela cidade de Salvador, na Bahia, nas eleições municipais de 2024. Candidata conversou com a Alma Preta Jornalismo sobre as suas propostas para a capital do estado baiano, caso seja eleita.

Foto: Reprodução/Rede Sociais

30 de setembro de 2024

Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, Salvador se prepara para escolher seus novos representantes. Entre os candidatos ao Legislativo, Gleide Davis, de 32 anos, tenta uma vaga na Câmara de Vereadores da cidade. A candidata pelo PSOL tem um histórico de lutas em favor dos direitos da população negra. Gleide já integrou o mandato coletivo “Pretas por Salvador” como co-vereadora e agora segue em campanha individual.

Mestranda em Serviço Social pela UFBA, feminista antirracista e candomblecista, Gleide cresceu no subúrbio de Salvador e dedica sua trajetória à pesquisa de gênero, raça, classe e saúde mental. Durante entrevista à Alma Preta, ela falou sobre os desafios da cidade e suas propostas de mudança. A seguir, Gleide Davis responde às principais perguntas sobre sua candidatura. Confira:

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Alma Preta: Quais são os maiores desafios que a candidata enxerga na cidade de Salvador?

Gleide Davis: Os maiores desafios de Salvador e que requer mais urgência, sem dúvidas, são segurança pública e mobilidade. Ainda está muito difícil para nós, trabalhadores adquirirmos o mínimo de qualidade de vida com um transporte cada vez mais caro, inseguro, sucateado e escasso. Muitas linhas que ligavam a periferia à orla da cidade foram retiradas sem nenhuma substituição efetiva; e, com isso, a insegurança em circular em uma cidade cada vez mais perigosa só aumenta o medo e a sensação de abandono por parte da gestão.

Alma Preta: Quais são as principais pautas da sua candidatura?

Gleide Davis: A minha campanha está situada em quatro eixos: juventude, pessoas em vulnerabilidade social, mulheres e o povo de santo. Nesse sentido, eu entendo que uma gestão pública deve criar, implementar e fiscalizar o funcionamento de leis que estabeleçam uma segurança pública antirracista, com igualdade de gênero e diversidade religiosa para todas as pessoas.

Alma Preta: Como a vereança pode auxiliar na luta contra o racismo?

Gleide Davis: É preciso ter compromisso político em acompanhar cotidianamente o funcionamento das leis já existentes e exigir que haja mais rigor na pauta de equidade racial. A nossa cidade é visivelmente dividida em classe e raça; o que impossibilita o jovem negro de alcançar determinados espaços, principalmente por falta de acesso. A gestão municipal tem a obrigação de debater antirracismo nas escolas, aumentar o acesso do jovem periférico a todos os lugares da cidade, e criar políticas de incentivo à universidade pública, ao empreendedorismo e ao primeiro emprego. Para começar, é preciso ter comprometimento com políticas públicas, para começarmos a avançar.

Alma Preta: As Câmaras brasileiras são amplamente de direita. Como é possível agir nesse ambiente para garantir o avanço de propostas antirracistas?

Gleide Davis: Estamos prestes a adquirir o pleito eleitoral nas urnas: precisamos eleger mais candidaturas comprometidas com nossas pautas. E se não tivermos a maioria, que a gente traga os movimentos sociais, a sociedade civil e todas as pessoas que pressionaremos para que nossas pautas sejam levadas a sério. Os representantes precisam começar a se ver como funcionários do povo e não o oposto.

Alma Preta: Você fez parte do mandato coletivo “Pretas por Salvador”. O que você absorveu dessa experiência? E o que seguirá fazendo caso seja eleita?

Gleide Davis: Entendi que, para trabalhar de verdade, precisamos arregaçar nossas próprias mangas e derramar nosso próprio suor; é preciso dar a cara para bater para mostrar que existimos e trabalhamos de verdade. A política é um espaço hostil para mulheres negras, mesmo em lugares onde deveria haver acolhimento; mas precisamos ser fortes e coerentes com o nosso projeto de sociedade. A minha honestidade e vontade de trabalhar por Salvador continuarão sendo minha maior marca.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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