Em editorial, a agência explica seu posicionamento frente às eleições, como foco em uma cobertura aprofundada e de qualidade para informar a população negra e a sociedade brasileira em geral neste período delicado que o país enfrenta, mas decisivo para os municípios nos próximos quatro anos
Texto: Redação | Imagem: Alma Preta
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O fundamento racial é o pano de fundo para todas as desigualdades e problemas existentes no Brasil. A fome, a violência, falta de acesso à educação, moradia e saúde, entre outros temas relacionados aos direitos humanos, são problemáticas atravessadas pelo racismo enraizado na história e na construção do país.
Mesmo fora do período eleitoral, há uma preocupação em pautar as principais agendas nacionais a partir do prisma racial, caso dos cortes de recursos públicos em setores como educação, saúde, previdência e assistência social. As fontes convidadas para a cobertura são pessoas que compõem organizações de movimento negro, especialistas negros de diferentes setores da sociedade e figuras negras em cargos da política institucional, como deputados estaduais e federais e senadores. De modo geral, pessoas que podem contribuir para a compreensão da realidade.
Na cobertura cotidiana, o Alma Preta preza pela objetividade e respeito a diversidade existente dentro do movimento social negro. Apesar da sociedade entender o povo negro e o movimento como sujeitos homogêneos, existem inúmeras formas de abordar e compreender as desigualdades latentes no país e as estratégias de superação do racismo.
As eleições são um momento importante para acompanhar todas essas discussões, porque para além das mudanças ou continuidades da disputa institucional, o pleito cria um ambiente favorável para a discussão sobre como o racismo perpassa por todas as relações político-sociais no país.
É nesta esfera da vida, impregnada pela desigualdade racial, em que há a possibilidade de mudança da realidade para a população negra. As eleições, portanto, também se tratam de um período importante para o Alma Preta, sejam elas municipais, estaduais ou federal.
Nas eleições de 2018, acompanhamos a disputa eleitoral com qualidade, focados em mostrar o tratamento dado pelos partidos de esquerda e direita às candidaturas negras, identificar as principais demandas da sociedade e do povo negro a partir da dinâmica racial, bem como apresentar ao público políticos negros do campo progressista. Publicamos perfis de deputados federais e estaduais do estado de São Paulo, além de representantes de outras regiões do país.
Para 2020, o cenário é diferente. O Alma Preta quer desenvolver uma cobertura da realidade para além de São Paulo e do Sudeste, acompanhar com mais proximidade o processo, em especial nas regiões Norte e Nordeste, onde há presença significativa da comunidade negra. A agência pretende cobrir o processo com dados raciais e reportagens com análises mais aprofundadas a fim de melhor informar o povo negro em um momento onde uma decisão simples como um voto definirá o rumo dos municípios nos próximos quatro anos.
Este ano, os brasileiros devem ir às urnas em um contexto extremamente delicado em razão da pandemia da Covid-19. O pleito decidirá quem serão os representantes a cargos executivos – prefeitos – e legislativos – vereadores. Naturalmente, há um número significamente maior de candidaturas para os cargos de vereadores do que para os de prefeitos.
Por entender a impossibilidade de dar conta de entrevistar todas as candidaturas negras para o legislativo nas diferentes regiões do país, o Alma Preta decidiu não acompanhar de maneira específica nenhum postulante ao poder legislativo, mas acompanhar os principais debates públicos e convidar especialistas, inclusive candidatos, para comentar sobre determinadas demandas dos municípios, como a saúde.
Nossa cobertura será focada nas candidaturas negras para o poder executivo das capitais, ou seja, os candidatos a prefeitos. O Alma Preta entende, inclusive, o maior número dessas candidaturas como um avanço no fator representatividade e na luta antirracista.
A agência fará uma cobertura completa, diária, fundamentada em dados e multimídia sobre as eleições com o objetivo de informar com qualidade sobre a disputa, os meandros da política nacional e os principais problemas do país.
O grupo entende que a informação em si é um instrumento de potencialização das candidaturas negras do país, ainda sub-representadas na política nacional, bem como os interesses do povo negro na construção de um país menos desigual e violento, com maior acesso aos direitos e, assim, mais democrático.