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Marcha da consciência negra reúne gerações contra o avanço de políticas genocidas

Com 5 mil participantes, edição de 2019 trouxe desafios mais intensos devido aos governantes considerados pelos manifestantes contrários ao bem estar da população negra

21 de novembro de 2019

Em São Paulo, 5 mil pessoas participaram da 16ª Marcha da Consciência Negra, que aconteceu na quarta-feira, 20 de novembro, data em referência à morte do líder Zumbi dos Palmares.

A concentração do ato teve início às 12h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Os participantes desceram a Rua da Consolação, em direção ao Theatro Municipal, na região central, onde ficaram até às 18h.

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O tema desta edição foi “Vida, Liberdade e Futuro. Contra o genocídio e criminalização do povo negro!”. As políticas de governantes considerados pelos manifestantes contrários ao bem estar da população negra foram uma das principais pautas da manifestação.

Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado (MNU), destaca que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), do governador João Doria e do prefeito Bruno Covas trouxe novas reivindicações para o ato.

“Apesar de a marcha acontecer há 16 anos, essa edição trouxe uma nova peculiaridade diante de novos governantes que romperam com alguns processos históricos. Neste ano, vemos o avanço do genocídio negro, reformas prejudiciais aos trabalhadores e a retirada de direitos dos quilombolas de Alcântara, entre outras violações”, explica.

A 16ª Marcha da Consciência Negra também foi marcada pelo encontro de gerações do movimento negro, desde as que estão à frente do ato desde a primeira edição, em 2003, até os novos movimentos estudantis liderados por jovens negros.

Para Flavio Jorge, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), a ligação entre as primeiras gerações do movimento negro contemporâneo e os jovens ativistas traz novos rumos para a luta.

“É muito importante que os negros de longa militância estejam unidos aos mais novos, que hoje dão um novo rumo para a defesa dos nossos direitos”, avalia.

“Estamos em uma conjuntura completamente diferente da época da primeira marcha, pois é o primeiro ano que o país tem um governo de extrema-direita no poder. Nossas conquistas estão sendo atacadas, por isso a marcha também é importante”, complementa.

Novos desafios na construção da marcha

Organizada por entidades do movimento negro, a marcha da consciência negra começa a ser pensada meses antes da sua realização em reuniões entre coletivos e ativistas.

Segundo Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado (MNU), neste ano houve uma atualização do manifesto de reivindicações.

“Nós criamos um seminário político para debater como seria a marcha. Foi necessário analisar nossa história e refletir sobre os desafios da atual conjuntura dos negros no país”, lembra.

A construção da marcha teve ainda o cuidado de ser representativa, com uma diversidade de movimentos sociais e representantes políticos.

“Não podemos deixar de comemorar a presença de nomes de parlamentares negros como a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP)”.

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  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Atua há seis anos na cobertura das temáticas de Diversidade, Raça, Gênero e Direitos Humanos. Em 2023, como editora da Alma Preta, foi eleita uma das 50 jornalistas negras mais admiradas da imprensa brasileira.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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