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Benedita da Silva recebe título de doutora honoris causa e diz que universidade mudou: ‘passou a ter nossa cara’

Homenagem da UFRRJ destaca papel da ativista na luta contra o racismo e pelos direitos das mulheres
Na foto, a deputada federal Benedita da Silva discursa na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Foto: Gustavo Bezerra

26 de agosto de 2024

O Conselho Universitário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) concedeu, nesta segunda-feira (26), o título de doutora honoris causa à deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). A parlamentar é a primeira mulher negra a receber a honraria máxima da instituição.

A homenagem destaca a importância da atuação política de Benedita na defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora, da soberania nacional e, especialmente, na luta contra o racismo e pelos direitos das mulheres.

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Nascida em uma periferia do Rio de Janeiro, Benedita foi a primeira mulher negra a ser eleita vereadora, deputada federal e senadora da República. Tendo iniciado sua atuação política como líder comunitária, Bené (como ficou conhecida nacionalmente) galgou postos até então inalcançáveis ao povo preto brasileiro, reiterou a universidade em nota.

“O estabelecimento do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra e a inclusão de Zumbi dos Palmares no Panteão dos Heróis e Heroínas Nacionais são dois exemplos de conquistas antirracistas de Benedita, fruto de seu trabalho no Congresso Nacional”, pontuou a UFRRJ.

Ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva também foi relatora da (PEC) das Domésticas, que ampliou os direitos trabalhistas destas profissionais, apresentou projeto de lei que culminou na regulamentação da profissão de Assistente Social, e foi autora da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com ações destinadas ao setor cultural.

Em discurso realizado durante a cerimônia, Benedita demonstrou sua emoção e gratidão ao receber o título concedido pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A entidade foi classificada pela parlamentar como uma “comunidade diversa, inclusiva e engajada” na luta pela melhoria do ensino público superior, pela pesquisa científica ao alcance de todos e “comprometida com a vida da gente daqui de nosso estado”.

Ela ainda destacou como a homenagem representa a transformação criadora e o potencial inovador que a diversidade e a riqueza dos nossos marcadores sociais promovem no ambiente universitário.

“Estou e sigo muito emocionada por receber esse título das mãos de vocês, que expressam a transformação criadora e o potencial criativo que a pluralidade e a riqueza dos nossos marcadores sociais da diferença promovem dentro do mundo universitário“, disse. 

“Ao chegar aqui na rural, vi pessoas como eu, uma preta, favelada, mulher, que eu não via nos bancos escolares quando eu teimei em seguir estudando, sabendo que, de onde eu saí, o trabalho vinha primeiro. Como é gratificante ver que a universidade pública passou a ter a nossa cara, o seu rosto passou a ter a nossa raça, a sua cor e a sua etnia passou a ter o nosso gênero, a sua identidade e o seu nome social passou a ter as nossas origens, um lugar de onde você veio, um lugar de onde eu vim”, discursou Benedita. 

Para o reitor da universidade Roberto Rodrigues, a deputada é um exemplo para as alunas e alunos da UFRRJ em três campos fundamentais: o educacional, o social e o humano.

“Como pessoa negra, pobre e nascida em favela, Benedita venceu na educação ao fazer curso técnico e, depois, se formar na universidade. Socialmente, conquistou um protagonismo político admirável. Por fim, seu exemplo humano fica evidente por ter superado diversos preconceitos”, disse o reitor ao site da universidade. 

“Assim, todas essas qualidades ressaltam a figura de uma pessoa que resiste. E isso se relaciona muito ao perfil de nossos estudantes – vindos de escola pública, de baixa renda, muitos deles pretos e pretas – que precisam resistir para permanecer e se formar. Benedita é uma referência para nossa Universidade porque, em seu tempo, ela resistiu e construiu sua história pública”, afirmou Roberto Rodrigues.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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