Pesquisar
Close this search box.

Jovens negros representam quase 97% dos presos em flagrante em Salvador

Relatório da Defensoria Pública da Bahia aponta que jovens negros, de baixa escolaridade e renda, são os mais impactados pelo sistema prisional
Imagem mostra braços de uma pessoa negra sendo algemada. Um relatório da Defensoria Pública do Estado da Bahia revelou que mais de 96% do perfil de pessoas detidas em flagrantes, são jovens negros.

Foto: Reprodução

10 de outubro de 2024

A Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) divulgou, na quarta-feira (9), os resultados de uma pesquisa sobre as audiências de custódia realizadas em 2023, em Salvador. O estudo, que analisou 2.898 prisões, destaca o perfil majoritariamente negro das pessoas presas em flagrante, além de apontar para a predominância de jovens de baixa escolaridade e com poucos recursos financeiros.

De acordo com o relatório, 96,9% das pessoas presas se autodeclararam negras (pretas ou pardas), enquanto apenas 3,1% se identificaram como brancas. Esse dado reforça a persistente desigualdade racial no sistema prisional. Entre as mulheres, que representam 5,4% dos casos, o cenário se repete: 91,5% delas se declararam negras.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

“Os relatórios anuais sobre audiências de custódia têm revelado um padrão persistente no perfil das pessoas que são presas em flagrante: jovens de baixa renda, negros, com pouca escolaridade, são os mais vulneráveis tanto à criminalidade quanto às ações policiais. Precisamos de políticas públicas que ofereçam esperança e protejam esses jovens, para que não sejam atraídos pelo caminho do crime”, reforça em nota a defensora pública geral da Bahia, Firmiane Venâncio.

De acordo com Firmiane, esses dados são cruciais para o Sistema de Justiça e para o Executivo e Legislativo pensarem em políticas públicas mais inclusivas e prevenir a criminalização da pobreza. A ideia é buscar soluções que considerem as desigualdades sociais e evitar o encarceramento como única resposta.

Perfil etário e socioeconômico

Outro ponto importante do estudo é o perfil etário. A maioria das pessoas presas em flagrante tinha até 29 anos, correspondendo a 63,18% do total, seguido por 25,43% na faixa entre 30 e 41 anos. Além disso, a baixa escolaridade é um fator predominante, com 35,2% dos presos tendo o ensino fundamental incompleto.

O levantamento também revelou a situação socioeconômica dessas pessoas, com 31,06% declarando uma renda de até um salário mínimo e 12,01% sem renda. Poucos apresentaram rendimentos superiores a três salários mínimos.

A pesquisa mostra ainda que, apesar de o Judiciário baiano ter concedido mais liberdades provisórias (57,80%) do que prisões preventivas (35,99%) em 2023, houve uma leve redução nas concessões de liberdade sem medidas cautelares, indicando um aumento na rigidez das decisões judiciais.


O relatório pode ser consultado na íntegra neste link.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia Mais

Destaques

AudioVisual

Podcast

Cotidiano