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Mãe Hilda Jitolu, a matriarca do Ilê Aiyê que transformou a cultura afro-brasileira

Neste 6 de janeiro completa-se 102 anos do nascimento da líder espiritual e educadora, que foi peça-chave na fundação do primeiro bloco afro do Brasil e na valorização da identidade negra
Imagem da ialorixá e guia espiritual do Ilê Aiyê, Mãe Hilda Jitolu. Nesta segunda-feira (6), a matriarca do bloco afro completaria 102 anos de nascimento.

Foto: Redes sociais/ Instituto Mãe Hilda Jitolu

6 de janeiro de 2025

Hilda dos Reis Dias, mais conhecida como Mãe Hilda Jitolu, deixou um legado inestimável para a cultura afro-brasileira e a luta antirracista. Nesta segunda-feira (6), completa-se 102 anos do nascimento da fundadora do terreiro Ilê Axé Jitolu e matriarca do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil

Nascida em 6 de janeiro de 1923, em Salvador, Mãe Hilda assumiu um papel de destaque  na religiosidade e na militância. Apesar de resistir inicialmente à vida religiosa, foi iniciada no candomblé aos 19 anos, tornando-se uma referência espiritual e comunitária. 

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A partir da década de 1970, ela abraçou o projeto do Ilê Aiyê, liderado por seus filhos, para incentivar a valorização da cultura negra e enfrentar a repressão da ditadura militar.

Fé e educação como pilares de transformação

Sua liderança espiritual e comunitária foi fundamental para a criação do Ilê Aiyê, que surgiu como uma resposta à exclusão racial nos blocos carnavalescos da época. 

O Ilê Aiyê não apenas abriu espaço para a participação negra no Carnaval de Salvador, o bloco afro, fundado em 1974, também revolucionou a festividade e se tornou um símbolo de resistência negra, desafiando preconceitos e promovendo a autoestima da população afrodescendente.

Além disso, sua atuação foi marcada pela educação e pelo combate ao racismo. Por meio do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu, fundado em sua homenagem, seus ensinamentos continuam vivos, promovendo a valorização das raízes africanas e o empoderamento das mulheres negras.

Homenagens e legado

Em reconhecimento à sua contribuição, diversas homenagens foram realizadas nos últimos anos. Em 2018, o Itaú Cultural promoveu a Ocupação Ilê Aiyê, destacando a trajetória de Mãe Hilda e sua importância para a cultura brasileira. 

Além disso, a biografia “Mãe da Liberdade: A Trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu” foi lançada, resgatando seu papel político e espiritual na sociedade.

Sua neta Valéria Lima, autora do livro, destaca que Mãe Hilda praticava o feminismo negro antes mesmo do conceito se consolidar. Ela enxergava o antirracismo como uma missão e participou de momentos históricos, como a peregrinação à Serra da Barriga, em Alagoas, onde liderou rituais religiosos em homenagem a Zumbi dos Palmares.

Mãe Hilda faleceu em 2009, mas sua influência persiste. Sua casa, sua fé e suas palavras continuam a ecoar como pilares de resistência e inspiração para a comunidade negra no Brasil e no mundo.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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