O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, nomeou o crítico de cinema Marcos Petrucelli como diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira nesta segunda-feira (19). Petrucelli apoia o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e possui pensamento contrário às pautas ligadas ao movimento negro.
O histórico do crítico de cinema é marcado por comentários pejorativos à negritude e aos movimentos sociais. Um dos alvos de Petrucelli foi o diretor norte-americano Spike Lee, chamado de vitimista por ele por abordar temas relacionados ao racismo em seus filmes. Além disso, o diretor nomeado também nega a violência racial, com a afirmação de que os negros não são agredidos gratuitamente por um “cidadão normal”.
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O treinamento para jornalistas negros, anunciado pelo jornal Folha de S. Paulo a fim de promover a diversidade racial na redação, foi chamado de “preconceito declarado” por Petrucelli, que em outra ocasião classificou o Haiti como país “mais pobre e mais bosta do Caribe”, após um haitiano ter ido ao Palácio da Alvorada criticar o presidente Bolsonaro.
Outras nomeações controversas
Não é a primeira vez que Sérgio Camargo nomeia apoiadores de Jair Bolsonaro e pessoas que não têm especialidade na temática racial para cargos importantes do órgão público, cujo foco é promover a cultura negra e proteger o patrimônio afro-brasileiro.
Em maio de 2020, o 1° Sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Raimundo Nonato, foi instituído coordenador-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC). O militar nomeado não possui nenhuma formação focada nos estudos da cultura ou população negra.
Outra nomeação, mais recente, foi a do ex-assessor do antigo secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, demitido por apologia ao nazismo, nomeado coordenador-chefe do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra pelo presidente da Fundação Palmares.
De acordo com a jornalista Rosane Borges, que foi coordenadora-geral do CNIRC em 2013 e é professora colaboradora do Grupo de Pesquisa Estética e Vanguarda (ECA-USP), quando se nomeia pessoas sem expertise para esses cargos é impossível alcançar a superação dos problemas sociais.
“O presidente da Palmares está em consonância com o que é esse governo. Para cada nomeação a gente sabe que se trata da reafirmação ostensiva brutal de eles dizerem ‘nós estamos aqui para matar, asfixiar, para não fazer acontecer’.”, avalia.
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