Cerca de 400 mil sudaneses retornaram para suas casas nos últimos dois meses e meio após serem deslocados pelo conflito entre o Exército do Sudão e as Forças de Suporte Rápido (RSF). A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que, entre dezembro e março, aproximadamente 396.738 pessoas voltaram para áreas retomadas pelo Exército, que tem avançado pelo centro do país.
A maioria dos deslocados regressou aos estados centrais de Sennar e al-Jazira, reconquistados pelos militares em dezembro e janeiro. Milhares também voltaram a Cartum, onde o Exército retomou grandes áreas no último mês e se aproxima de expulsar a RSF da capital.
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Mesmo com casas saqueadas e incendiadas, muitas famílias decidiram retornar após mais de um ano de deslocamento.
Crise humanitária se agrava
Desde o início da guerra, em abril de 2023, 11,5 milhões de sudaneses foram forçados a abandonar suas casas, o maior número de deslocados internos no mundo. Além disso, 3,5 milhões fugiram para países vizinhos.
A fome atinge níveis críticos. Pelo menos 8 milhões de sudaneses estão à beira da fome extrema, e algumas regiões já enfrentam desnutrição em larga escala. No total, 25 milhões de pessoas sofrem com insegurança alimentar grave.
Clementine Nkweta-Salami, coordenadora humanitária da ONU no Sudão, alertou que apenas 6,3% do financiamento necessário para fornecer ajuda emergencial foi recebido até o momento, colocando em risco operações de socorro.
O Sudão segue dividido entre dois grupos em guerra. O Exército controla as regiões ao norte e leste, enquanto a RSF domina quase toda a região de Darfur e partes do sul. A guerra entre o chefe militar Abdel Fattah al-Burhan e seu ex-deputado Mohamed Hamdan Daglo continua agravando a crise humanitária e amplia o impacto sobre a população civil.