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Documentário discute o racismo religioso nas telas do cinema

Cerca de 91% dos líderes de terreiros apontam que já foram alvo de preconceito
Imagem mostra homem negro segurando uma vela.

Foto: Alex Ribeiro

18 de dezembro de 2023

Selecionado para a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o documentário “Tenho Fé”, produzido por Rian Córdova, transita entre o sagrado e o ancestral, e expõe a necessidade do combate ao racismo religioso e à intolerância através de uma linguagem direta e simples. O filme está em cartaz nos cinemas de São Paulo (SP), Manaus (AM), São Luís (MA), Curitiba (PR) e Palmas (TO).

O artigo 5º da Constituição Federal diz que é inviolável a liberdade de consciência e de crença no Brasil, mas a perseguição religiosa faz com que cerca de 91% dos pais e mães de santo afirmem já ter ouvido algum tipo de preconceito, enquanto mais de 78% declaram ter sido alvos de violência, de acordo com a pesquisa feita pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro) e pela entidade Ilê Omolu Oxum.

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Para refletir sobre o problema emergente, o documentário destaca artistas que celebram os Orixás e a ancestralidade em suas obras, e mostram como as religiões de matriz africana contribuíram na construção do Brasil.

A narrativa passa por palcos de teatros, shows, desfiles de moda, convenção de quadrinhos e até festas populares, como as festas de São Jorge e Iemanjá. As encruzilhadas artísticas apresentam um amplo panorama da chamada arte afro-brasileira.

“O filme é uma grande interseção de talentos artísticos. Nossas câmeras acompanharam a jornada de artistas movidos pela fé nos orixás e pela ancestralidade. Visitamos do desfile icônico de Exu da GRES Grande Rio até a presença de Orixás como heróis em convenções de HQs, para entender a importância da contribuição afro-brasileira na formação da identidade nacional. O filme é sobretudo, um manifesto contra o racismo religioso”, afirma, em nota, o diretor Rian Córdova.

A produção conta ainda com a participação do historiador Luiz Antônio Simas, os carnavalescos da GRES Grande Rio, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a cantora Rita Benneditto, o diretor Amir Haddad, o dramaturgo Rodrigo França, o autor de quadrinhos Hugo Canuto, além de antropólogos do carnaval, sacerdotes e outros criadores e estudiosos.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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