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Filme ‘Candyman’ estreia nos cinemas: “uma alegoria do racismo na América”, diz roteirista

A Alma Preta acompanhou a pré-estreia do filme que conta com a direção de Nia DaCosta e roteiro de Jordan Peele; a produção dá continuidade a um clássico do terror de 1992 

Texto: Nadine Nascimento | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação/Universal 

Ator que faz Candyman com olhos assustados e mãos em frente ao rosto

26 de agosto de 2021

A ‘Lenda de Candyman’, nova adaptação do conto de Clive Barker, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (26). O filme de terror, que conta com a direção de Nia DaCosta e roteiro de Jordan Peele – dos filmes ‘Corra!’ (2017) e ‘Nós’ (2019) – traz uma profunda crítica racial ao lançar luz sobre temas como gentrificação, violência policial e protagonismo negro. 

“Candyman é, em essência, uma alegoria do racismo na América”, diz Peele. “Com este filme, Nia explorou a corrida em muitos níveis, desde o desconfortável até o totalmente devastador. Com Candyman, Nia reuniu o horror sobre a violência racial neste país”, completa o roteirista. 

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A lenda urbana do assassino de casaco, com gancho no lugar da mão direita, que aparece sempre que se repete cinco vezes seu nome diante de um espelho, foi originalmente personificada pelo ator Tony Todd no filme de 1992 e depois em duas continuações, ‘Candyman: Farewell to the Flesh’ (1995) e ‘Candyman: Day of the Dead’ (1999). Quem faz o antagonista na nova versão é Yahya Abdul-Mateen II.

O novo ‘Candyman’ é ambientado na mesma vizinhança que o filme original, o bairro Cabrini-Green, que agora é uma zona altamente urbanizada de Chicago. Nos dias atuais, o artista visual Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) e sua parceira, a diretora de galeria Brianna Cartwrigh (Teyonah Parris), mudam para um condomínio de luxo na região, originalmente negra, que agora está enobrecida e habitada por jovens em ascensão.

“A história de Cabrini-Green ainda não acabou. Porque agora tem uma história sobre uma comunidade que desapareceu daquele local, e queremos falar sobre o que foi deixado para trás. Então, a gentrificação tem uma grande importância na narrativa”, explica a diretora Nia DaCosta.

Origem

A lenda de Candyman girava em torno de um filho de escravo que se tornou próspero depois de desenvolver um sistema para fabricar sapatos em massa durante a Guerra Civil nos EUA. Ele também se tornou conhecido como artista por seu talento como pintor de retratos. 

A história conta que o personagem foi morto em um lichamento após se envolver e engravidar uma mulher branca. Ele foi espancado e lambuzado de mel para que as abelhas o picassem. Para que não pudesse mais pintar, sua mão foi decepada e substituída por um gancho. 

Seu cadáver também foi queimado e suas cinzas foram espalhadas pela área de Chicago, onde seu espírito vingativo aparece quando seu nome é dito cinco vezes no espelho. 

O Candyman de 1992 foi um marco na história do gênero de terror. Pela primeira vez, um grande filme de terror americano lançou um homem negro como personagem titular e principal antagonista.

“Aquele filme me pareceu um filme negro. Um filme para mim. Então, eu queria fazer um filme que olhasse para essa história de fantasmas de uma perspectiva negra”, diz Peele.

O novo filme 

No longa de 1992, um menino, Anthony McCoy, é sequestrado por Candyman. Já na sequência de Nia DaCosta, ambientado cerca de 30 anos depois, Anthony é o personagem central, que cresceu sem nenhuma memória deste incidente da infância. O personagem, então, começa a explorar os detalhes dessa história em seu trabalho artístico e acaba abrindo uma porta para o passado, que desencadeia uma onda de violência. 

Ao retratar a brutalidade policial de forma implacável como um enxame de abelhas, o filme de Nia DaCosta busca personificar em Candyman incontáveis ​​homens negros vítimas da violência racista.  

“Candyman é sobre a morte negra causada pela violência branca”, diz a diretora. “Quando as pessoas ouvem a palavra ‘linchamento’, pode parecer que é de outra época, do passado. O que este filme está dizendo é que, na verdade, não é coisa do passado. Está acontecendo agora”, conclui.

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