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Alma Preta e data_labe vencem prêmio de jornalismo de dados

Na reportagem premiada ‘Existe uma Wakanda na Política Brasileira?’, as agências utilizaram humor para falar sobre representatividade negra na política brasileira

Texto: Thaís Rodrigues | Foto: Divulgação/Rodrigo Pirim | Edição: Nadine Nascimento

Alma Preta vence prêmio de jornalismo de dados

17 de novembro de 2021

A Alma Preta Jornalismo juntamente com o data_labe venceram, no último sábado (13), o Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados 2021. Com a reportagem ‘Existe uma Wakanda na Política Brasileira?’, as agências utilizaram do humor e compararam municípios do país que possuem números proporcionais de políticos negros eleitos e moradores negros a cidade fictícia do universo Marvel. As agências parceiras são expoentes do jornalismo de território e periférico, e trabalham para colaborar com a representatividade negra na imprensa e na política nacional. 

Inspirados pela mudança eleitoral que destinou verbas proporcionais para candidaturas negras nas eleições de 2020, o especial analisou dados de 2016 e descobriu que os municípios de Água Fria (BA), Cajati (SP) e Quissamã (RJ) se destacavam pelos números proporcionais de políticos negros eleitos e moradores negros. Em Água Fria, tanto a chefia do Executivo, quanto as onze cadeiras do Legislativo da cidade estavam ocupadas por negros. 

No Rio de Janeiro, de 92 municípios, apenas 24 alcançaram representatividade de negros eleitos. Já em São Paulo, de 654 municípios, apenas 53 investiram financeiramente em candidaturas negras de forma igualitária e 59 alcançaram representatividade entre os governantes. No estado mais populoso do Brasil, 25% dos candidatos são negros, 9% a menos que a população negra local. 

O município baiano de Água Fria ainda se destaca por um outro fator – o investimento dos partidos nas candidaturas negras – que é praticamente equivalente à quantidade de moradores negros. No entanto, a autodeclaração dos moradores e dos candidatos não garante que todos tenham consciência racial ou levantem pautas que defendam a população negra.

“O ataque às culturas não-brancas e a dificuldade de acesso a políticas por parte dos indígenas remanescentes do extermínio e dos negros que fugiram do Recôncavo Baiano durante e após a colonização, favoreceu o domínio dos ideais brancos e a manutenção de desigualdades sociais”, ressaltou o vereador e pedagogo Josevan Reis (PT). 

O prêmio que homenageia o jornalista Cláudio Weber Abramo, fundador da plataforma Transparência Brasil e influenciador no Congresso para aprovação da Lei de Acesso à Informação, está em sua terceira edição e é oferecido pela Escola de Dados e Open Knowledge Brasil. Segundo o júri, a reportagem ‘Existe uma Wakanda na Política Brasileira?’, através de perspectiva inovadora pro uso de dados abertos, discute três dimensões fundamentais para pensar a democracia brasileira: população negra, representatividade e uso e distribuição dos recursos de financiamentos para campanhas eleitorais.

“A originalidade está presente, não só na forma, como na análise e na própria construção da narrativa. As escolhas tomadas durante a apuração, são baseadas em dados, mas ao mesmo tempo eles não limitaram a apuração. Houve uma combinação de análise quantitativa, qualitativa, de entrevistas”, avaliou a banca. 

A comissão julgadora entendeu, ainda, que a investigação “chegou a conclusões inesperadas que permitem aprofundar e compreender os meandros da questão representativa que envolve a questão racial no Brasil”.

A jornalista Flávia Oliveira, mediadora da premiação, afirmou que “a periferia é o centro” e disse que o jornalismo, supostamente periférico, é “absolutamente relevante e indispensável em nossos tempos de construção dessa sociedade igualitária que nós almejamos”.

Quem representou a Alma Preta e o data_labe no evento foi o jornalista Paulo Mota. Ele ressaltou o quanto é significante para o jornalismo independente receber um prêmio como esse. Segundo o jovem, com o reconhecimento entende-se que “estamos no caminho certo”. Além dele, a equipe que assina a reportagem é composta por Estephany Nunes, Samantha Reis, Elena Wesley, Gabriele Roza, Yago Rodrigues, Fred Di Giacomo, Guilia Santos, Nicolas Noel e Vinícius de Araújo.

“Eu queria incentivar todo mundo que está nesse CIS-tema, que é diferente, que foi excluído, que achou que não poderia chegar em um local tão grande como esse, a se organizar coletivamente, pois, assim você pode chegar a lugares muito mais altos do que esse prêmio”, afirmou Mota.

Leia mais: Genocídio da população negra é tema de sessão na Câmara de Salvador

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