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Câmara de Salvador cobra esclarecimentos da Atakarejo no caso de tio e sobrinho

Comissões que atuam na Câmara da capital baiana citam que gestores da rede do supermercado em Salvador foram convidados para reuniões, mas não compareceram

Texto: Redação | Foto: Reprodução/Google Street View

A ilustração mostra dois homens negros e quatro pacotes de carne

A ilustração mostra dois homens negros e quatro pacotes de carne

— Foto: Ilustração/Alma Preta/Vinicius de Araújo/

29 de julho de 2021

As comissões de Direitos Humanos e Defesa da Democracia Makota Valdina, de Reparação e de Cultura, da Câmara Municipal de Salvador, cobraram da gestão da Rede Atakarejo a participação em reuniões dos colegiados no caso de Bruno e Yan, tio e sobrinho negros que foram entregues por funcionários do supermercado, no bairro de Amaralina, a traficantes após terem furtados pedaços de carne. Os corpos de tio e sobrinho foram encontrados com sinais de tortura no dia 26 de abril.

Em nota pública, os colegiados informaram que o “alto escalão” da rede de supermercado da Atakarejo em Salvador foi convidado, mas não compareceu nas reuniões. As comissões ressaltam a necessidade de participação da empresa para o comprometimento público “com mudanças estruturais em sua organização, estando em consonância com os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

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Para as comissões, a convocação tem como objetivo “cobrar do poder público medidas voltadas para prevenir ocorrências similares, além de alertar para a necessidade de que empresas privadas prestem esclarecimentos à população em caso de violação dos direitos humanos”.

O texto também chama atenção para o aumento de violações aos direitos humanos de afrodescendentes no Brasil, com ocorrências sistemáticas “de agressões, torturas e até mesmo assassinatos em estabelecimentos comerciais, perpetrados por seguranças e/ou outros prepostos das empresas responsáveis”.

A Alma Preta Jornalismo procurou a Rede Atakarejo em busca de um posicionamento sobre o caso. Até a publicação deste texto, a empresa não respondeu. Caso se posicione, a matéria será atualizada.

Entenda o caso

Bruno e Yan Barros, de 29 e 19 anos, foram mortos no dia 26 de abril, quando seguranças e funcionários do supermercado Atakarejo, no bairro de Amaralina, entregaram tio e sobrinho para serem executados por traficantes após as vítimas terem furtado pedaços de carne. As investigações apontaram que os funcionários chegaram a pedir R$ 700 para liberar as vítimas. Os corpos de tio e sobrinho foram encontrados dentro do porta malas de um carro com sinais de tortura.

O inquérito policial, concluído no dia 6 de julho, indiciou 23 pessoas, entre funcionários do mercado e suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Desse total, 13 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público da Bahia, que apresentou a denúncia com base em provas materiais obtidas pela promotoria.

Imagens de câmera de segurança do supermercado, divulgadas pelo Ministério Público, mostram o momento em que Bruno e Yan Barros são levados para uma área de estacionamento, onde foram agredidos. Uma das imagens também mostra o momento em que os supostos traficantes chegam ao local.

Na denúncia, os denunciados foram acusados por homicídio qualificado, constrangimento ilegal, extorsão, cárcere privado e ocultação de cadáver.

No dia 15 de julho, a Justiça da Bahia determinou a prisão de 11 dos 13 denunciados. Dois vão responder em liberdade por ocultação de cadáver. Na decisão, a juíza Gelzi Almeida Souza aponta que as medidas são aplicáveis já que o crime tem pena inferior a quatro anos. Treze pessoas continuam foragidas.

Leia também: Ativista compra bolacha com nota de R$ 200 para protestar contra racismo

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