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Empresária e digital influencer Lorenna Vieira é vítima de racismo em banco

Empreendedora faz sucesso nas redes sociais com seus produtos voltados para beleza feminina; Itaú nega racismo

31 de janeiro de 2020

A empresária e digital influencer Lorenna Vieira relatou nas redes sociais nesta quinta-feira (30) que foi vítima de racismo em uma agência do banco Itaú no Rio de Janeiro. A empreendedora do ramo de beleza tinha ido à agência na Penha, Zona Norte, acompanhada de um colega de trabalho para desbloquear um cartão e sacar dinheiro. Funcionários acharam as movimentações financeiras feitas em sua conta suspeitas e chamaram a Polícia Civil.

“Elas estavam falando que ‘entrou uma quantidade de dinheiro e a gente não sabe de onde vem’. Eu fiquei sem entender, elas começaram a cochichar e outros funcionários começaram a me olhar. Uma funcionária falou para a gente esperar um pouco e saiu. Apareceram três policiais falando para eu ir para a delegacia”, conta.

A vítima foi levada para a 22ª DP da Polícia Civil, também na região da Penha, sob a acusação de fraude. “Eu fui acusada de fraude, de laranja, disseram que o dinheiro não era meu. Eu não posso vender cosméticos e ganhar dinheiro?”, questiona.

Segundo Lorenna, um dos policiais também desconfiou do seu documento de identidade por causa do cabelo. “O policial falou que era quase impossível saber se era eu na foto já que meu cabelo estava alisado. Ele falou que era para eu jogar minha identidade fora e fazer outra com o meu cabelo natural. Aí eu rasguei. Se uma pessoa branca que tem o cabelo alisado e depois deixa encaracolar, ninguém faria isso”, pondera.

A empresária relata ainda que na delegacia foi questionada diversas vezes sobre qual era sua relação com o DJ Rennan da Penha. “Os policiais foram debochados e perguntaram sobre o Rennan em vez de eles falarem sobre o problema no banco. Me perguntaram até se eu tinha o visitado quando ele estava preso”, compartilhar.

Lorenna está em um relacionamento com Rennan Santos da Silva, mais conhecido como Rennan da Penha, desde 2017. Em abril do ano passado o músico foi preso acusado, com provas frágeis, de associação ao tráfico. No fim de novembro passado, o artista conseguiu um habeas corpus para responder ao processo em liberdade. Recentemente, Rennan pediu Lorenna em casamento no palco de um de seus shows e a agradeceu publicamente por todo o apoio que recebeu nos últimos anos.

Com mais de 336 mil seguidores no Instagram, Lorenna Vieira é proprietária de uma marca de biquínis e de uma marca de produtos para o cabelo. A empresária usa sua influência nas redes sociais para divulgar os produtos e dessa forma alcançou o sucesso nos negócios.

O que diz o Itaú e a Polícia Civil

A Alma Preta entrou em contato com o Itaú e perguntou por qual motivo o perfil bancário de Lorenna foi tratado como suspeito. Em nota, o banco disse lamentar pelos transtornos causados a empresária, que o procedimento adotado na agência é padrão e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero.

Confira a íntegra da nota:

“O Itaú Unibanco lamenta e se desculpa pelos transtornos causados a Lorenna Vieira nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, e já entrou em contato com ela para resolver a situação. O Itaú Unibanco esclarece que o procedimento adotado na agência é padrão em casos de suspeita de fraude, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero. O objetivo era proteger os recursos de Lorenna de possível fraude, uma vez que já havia um bloqueio preventivo de sua conta corrente e era difícil identificá-la com o documento apresentado no caixa. O Itaú Unibanco acredita que toda forma de discriminação racial deve ser combatida.”

A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, por sua vez, informou também em nota que os policiais foram chamados por funcionários da agência após suspeita de que o documento de identidade de Lorenna Vieira seria falso. Após a constatação de que a identidade era verdadeira, Lorenna foi liberada.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil, no entanto, não informou a razão de os policiais terem questionado a vítima sobre o seu relacionamento com Rennan da Penha.

Confira a íntegra da nota:

“De acordo com informações da 22ª DP (Penha), uma equipe foi até a agência do banco Itaú, localizada no Mercado São Sebastião, para verificar uma possível ocorrência de uso de documento falso, detectada por funcionários da agência. Os policiais convidaram a mulher a acompanhá-los à delegacia, que fica próxima ao local, para verificar a autenticidade do documento. Após ela concordar, eles foram à unidade em viatura descaracterizada, onde foi constatado que o documento era verdadeiro e ela foi liberada.”

  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Passagens por UOL, Estadão, Automotive Business, Educação e Território, entre outras mídias.

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