No último sábado (25), um empresário de 32 anos tentou entrar sem autorização na área VIP da festa Revoada, que acontecia no Centro de Exposições de Divinópolis, em Minas Gerais, e foi barrado pelo segurança Edson Ribeiro, de 42 anos. O empresário, então, agrediu o segurança com um soco-inglês, de acordo com testemunhas. Ele chegou a ser socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros e pelo SAMU, porém, por conta da gravidade do ferimento, não resistiu.
O enterro aconteceu no domingo (26) e comoveu a cidade. Edson tinha uma filha de 12 anos e a Prefeitura decretou luto oficial de três dias. Ativistas dos movimentos sociais organizados, políticos, parentes, amigos e o integrantes do MUNDI (Movimento Unificado Negro de Divinópolis) fizeram protestos nos últimos dias para cobrar justiça. As manifestações aconteceram em frente à delegacia e também na loja do empresário.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito pela agressão foi preso na noite do crime, em flagrante, com a acusação de lesão corporal seguida de morte. No domingo, a audiência judicial de custódia decidiu pela prisão preventiva para que sigam as investigações. No entanto, ainda não saíram os resultados dos exames periciais que indicarão as causas da morte de Edson. A defesa do empresário conta com o resultado dos laudos para pedir sua liberdade. O soco-inglês usado contra o segurança não chegou a ser apreendido pela polícia.
A polícia já ouviu três testemunhas e os policiais militares que prenderam o empresário ainda na festa, mas, sem provas contundentes da agressão ou que relacionem a morte aos ferimentos, o suspeito pode ser solto. Em depoimento, diante do delegado Renato Alves da Fonseca e do seu advogado William Gomes Melo, ele negou que tenha agredido Edson Ribeiro.
Em nota, publicada nas redes sociais da prefeitura, o prefeito de Divinópolis Gleidson Azevedo manifestou pesar e sentimentos à família de amigos do segurança. Ele classificou a morte de Edson como “trágica” e disse ainda que “confia que os órgãos de segurança e o judiciário irão desempenhar um bom trabalho na aplicação da justiça”.
A vereadora da cidade Lohanna França (Cidadania) também se posicionou sobre o caso: “É impossível desvincular o crime do racismo que é estrutural e acontece todo dia no país. Se 70% das mortes violentas tem como vítimas homens negros (sendo que a população negra é apenas 54% da população), com certeza há algo a ser observado. Estou acompanhando a situação e a família está recebendo apoio jurídico de um grande time de advogados da cidade”.
Leia mais:Imagens de assassinato de jovem negro rendido desmentem versão de legítima defesa de PMs