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Empresário suspeito de agredir e matar segurança segue solto

Edson Carlos foi agredido por empresário enquanto trabalhava; o suspeito foi solto após laudo indicar que o segurança tinha doença cardíaca pré-existente

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Arquivo da família

Edson Carlos Ribeiro era segurança e tinha 42 anos

17 de novembro de 2021

A responsabilização pela morte do segurança Edson Carlos Ribeiro, em Divinópolis (MG), ainda não foi definida pela polícia. No dia 25 de setembro, ele trabalhava em um show e foi agredido pelo empresário Pedro Lacerda, que tentava entrar em uma área VIP da festa sem autorização, de acordo com testemunhas. Após a agressão, possivelmente com um soco-inglês, o segurança morreu no local. De acordo com a perícia, Edson tinha uma condição anterior de saúde do coração e teve uma morte súbita.

“Nada me tira da cabeça que foi essa agressão que causou a morte do meu irmão. A gente nem sabia que ele tinha essa doença. Se você agride alguém, tem que arcar com as consequências dessa agressão”, defende Ana Paula, irmã de Edson, que demonstra indignação com os desdobramentos do caso.

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Na noite do crime, o agressor foi preso, porém, após a divulgação do laudo pericial, ele foi solto. “Para a gente é muito doloroso porque estamos vendo que as leis estão protegendo os culpados”, diz a irmã.

No dia 8 de outubro, a polícia civil de Minas Gerais fez uma coletiva de imprensa para apresentar o laudo que concluiu que houve “morte súbita cardíaca secundária à doença já preexistente, de cardiomiopatia hipertrófica”. Os exames, feitos em Belo Horizonte, revelaram que o coração do segurança tinha um tamanho acima do normal.

A polícia contou que foram ouvidas 20 testemunhas e só uma disse que teria visto o soco inglês. No exame, foi verificado que Edson levou um soco perto do supercílio. Com base nisso, o caso, então, passou a ser registrado como “lesão corporal leve”. 

“Meu irmão está morto e o cara está livre, de boa e comemorando nas redes sociais”, lamenta Ana Paula. Segundo ela, Edson não fumava, não bebia, fazia esporte e tinha um condicionamento físico bom, justamente por isso, trabalhava como segurança. “Ele trabalhou 26 anos na mesma empresa. Fez exames anteriores, jogava bola. Ele era fortão, para você ter uma ideia o apelido dele era ‘Marruco’”, explica.

Para a advogada Débora Ribeiro de Souza, vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, existe uma incidência de racismo no meio judiciário em situações que envolvem pessoas negras e pobres.

“A doença preexistente não exime a responsabilidade do agressor. Ele deveria ser enquadrado no crime de lesão corporal com resultado morte, como diz o artigo 129, parágrafo terceiro do Código Penal, que prevê uma pena de quatro a doze anos”, defende Débora, que também é representante estadual em São Paulo da Associação Nacional da Advocacia Negra (Anan).

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com as assessorias da polícia civil, da polícia militar e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais com questionamentos sobre os detalhes da investigação e como se explica a relação da agressão feita pelo empresário com a morte do segurança. 

Em resposta, a Polícia Civil informou que “o inquérito policial foi concluído com o indiciamento do suspeito de agredir o homem pelo crime de lesão corporal”.

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