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Mortalidade infantil entre indígenas é 2 vezes maior que a média geral no Brasil, diz estudo

Os dados revelam ainda que os indígenas enfrentam condições inadequadas de vida
Imagem mostra dezenas de crianças indígenas sentadas em círculo.

Imagem mostra dezenas de crianças indígenas sentadas em círculo.

— Fernando Fernandes

12 de abril de 2024

A taxa de mortalidade das crianças indígenas de até quatro anos é mais que o dobro daquela registrada entre o restante da população infantil do Brasil. A informação é do estudo produzido pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), organização que mobiliza pesquisadores de diferentes áreas com o apoio de instituições científicas. O estudo não divulgou um comparativo direto com crianças negras.

Intitulado “Desigualdades em saúde de crianças indígenas”, o documento revelou os dados do período entre 2018 e 2022. No último ano da série, para cada mil nascidos vivos entre os indígenas, 34,7 crianças com até quatro anos morreram. A taxa é 2,44 vezes maior do que o restante da população brasileira. Entre as crianças não indígenas, houve 14,2 mortes para cada mil nascidos vivos em 2022.

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A situação é semelhante também nos outros anos da série. A pesquisa mostra que a taxa de mortalidade entre os indígenas permanece mais de duas vezes superior à do restante da população. 

A menor diferença foi observada em 2020, quando a taxa de mortalidade infantil entre os indígenas foi de 29,6 mortes por mil nascidos vivos. A cifra é 2,4 vezes maior que a taxa de 12,3 registrada para o restante da população.

Além das taxas de mortalidade, os dados revelam que os indígenas enfrentam condições inadequadas de vida, o que está em desacordo com as metas estabelecidas pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Aprovada durante uma assembleia realizada em 2015, com a participação de 193 países, o plano estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para erradicar a pobreza e promover um mundo melhor para todos os povos e nações até 2030.

No caso da mortalidade de crianças menores de cinco anos, a meta é reduzi-la para menos de 25 mortos por mil nascidos vivos. “Apesar de este patamar já ter sido alcançado pelas crianças não indígenas brasileiras, ele ainda é uma realidade distante da população indígena do país“, registra o estudo.

Em relação às causas das mortes de indígenas com até os quatro anos ocorridas em 2022, as doenças respiratórias responderam por 18% e as doenças infecciosas apontaram 14%. No restante da população dessa faixa etária, esses percentuais foram bem inferiores, respectivamente 7% e 6%. 

Com base nesses dados, as pesquisadoras destacam as enfermidades, o aumento da exposição a doenças devido a agressões ao meio ambiente e a insuficiência de profissionais de saúde como um fator de risco significativo. “Em termos proporcionais, percebe-se que crianças indígenas morrem mais por doenças evitáveis que as não indígenas”, registraram.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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