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Músico negro é discriminado em Kopenhagen da avenida Paulista

Funcionário da loja se recursou a servir o artista Thiago Morrinho e cobrou R$1 por amostra de café que era distribuída gratuitamente para outras pessoas; polícia não quis registrar o caso 

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Arquivo pessoal

músico de rua, Thiago Morrinho, é vítima de racismo

26 de agosto de 2021

O ator e músico Thiago Morrinho, de 38 anos, se apresenta como artista performático de rua há mais de 10 anos, após ter passado um período viajando por vários países. O multi-instrumentista tocava na avenida Paulista, no último sábado (21), quando foi vítima de discriminação na Kop Koffee, cafeteria da marca Kopenhagen.

Segundo o músico, ele tocava na calçada para um pequeno grupo de pessoas, enquanto a alguns metros de distância os funcionários da loja iniciaram a distribuição de amostras grátis de café, de um produto novo da marca. Thiago diz que parou de tocar, deixou o violão aos cuidados de um amigo e foi pegar um amostra também. Quando ele se aproximou, o funcionário recusou a serví-lo e disse: “Para você é um real”.

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“Não tem como eu não ver isso como racismo. Ele falou isso com duas bandejas cheias de café e diversas pessoas em volta”, afirma Thiago. O músico era a única pessoa negra e conta que ficou constrangido. “Eu questionei o motivo e ele desdenhou e mostrou que estava distribuindo gratuitamente para outras pessoas. Eu disse que ia falar com a chefe dele ou um responsável”, lembra.

De acordo com Thiago, ele não teve a devida atenção da loja, pois os responsáveis também tentaram minimizar a situação, o que só aumentou seu constrangimento. “O mais difícil mesmo é a sensação de como a gente se sente envergonhado numa situação dessas. Uma situação que nem era para existir. Se eu deixar quieto, relevar, isso vai continuar acontecendo”, desabafa o músico.

Minutos depois da situação de discriminação, o músico abordou um policial na rua para conseguir uma orientação. “Ele disse não era crime porque não teve uma ofensa como ‘macaco’ ou coisa assim, e ele não poderia fazer nada, mas que eu poderia ir numa delegacia”, recorda.

No sábado mesmo, ele procurou a delegacia de polícia que fica em Vergueiro, na região da Paulista, mas não conseguiu fazer o registro. “O investigador ouviu a minha história, mas disse que eu deveria voltar na segunda, com um advogado para fazer o registro”, continua.

Na segunda-feira, dia 23, ele foi até o 78 DP, nos Jardins, e registrou um boletim de ocorrências. Depois que o relato de Thiago repercutiu nas redes sociais, entre amigos e conhecidos do músico no bairro do Bixiga, uma campanha de boicote à Kopenhagen foi proposta.

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a marca responsável pela franquia Kop Koffee, com questionamentos sobre a atitude do funcionário da loja da avenida Paulista. Em resposta, a Kopenhagen afirmou que o caso está em investigação.

Em nota, a franquia de chocolates afirmou: “Repudiamos qualquer tipo de discriminação, uma vez que somos uma marca que preza pelo respeito e excelência no atendimento a todos os nossos clientes, sem exceção, e por esta razão, atuaremos com muita responsabilidade, respeito e seriedade , tomando ações efetivas, a fim de evitar que situações como essa voltem a acontecer em nossa loja”.

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