PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Pandemia afeta saúde mental de mais de 80% das empreendedoras negras

5 de agosto de 2020

Levantamento do Instituto Identidades do Brasil mostra que os efeitos da pandemia sobre as mulheres negras vão além dos impactos financeiros e se estendem à saúde emocional e psicológica

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Para 60% das mulheres negras, principalmente as de pele mais retinta, abrir o próprio negócio não se trata de uma opção de trabalho e sim a única opção de renda. É o que concluiu a pesquisa realizada pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). O levantamento sobre a situação financeira, emocional e psicológica das mulheres negras foi feito em duas etapas distintas durante a pandemia da Covid-19, o novo coronavírus. A primeira aconteceu em abril e a segunda em julho.

Entre as 60% de mulheres empreendedoras por necessidade, 45% disseram que não conseguiram vaga ou reconhecimento no mercado de trabalho e 15% empreenderam por conta da situação financeira agravada pela crise da pandemia.

Segundo o estudo, quase metade das empreendedoras atuam na informalidade. De todas as empreendedoras, 56% dependem exclusivamente do retorno do negócio, 19% estão recebendo o auxílio-emergencial liberado pelo governo federal e 8% estão sem renda alguma durante a pandemia. Em relação aos estudos, 61% delas têm ensino superior completo, sendo que 31% fizeram pós-graduação.

Os efeitos da pandemia, de acordo com a pesquisa, não são só financeiros. Entre as empreendedoras negras, 81% perceberam mudança de comportamento, com impacto na saúde mental durante o isolamento. Dessas mulheres, 45% apontaram que precisam de apoio psicológico.

“Através dos dados apontados nesta pesquisa, entendemos que a situação financeira, emocional e psicológica da mulher negra é definitivamente delicada. Isso deveria servir como um estímulo para que as instituições e a sociedade construam mecanismos e políticas públicas e privadas que apoiem a subsistência dessas mulheres para uma futura recolocação no mercado de trabalho ou até mesmo no incentivo aos seus negócios”,diz Luana Génot, fundadora e diretora executiva do ID_BR.

No grupo formado por mães solo negras, 45% indicaram que seu adoecimento mental foi gerado por questões financeiras. “É importante termos em mente que a condição financeira deste grupo tende a se agravar à medida em que esse período atípico que estamos vivendo se estende. Precisamos olhar para elas”, analisa Luana.

Os perfis da pesquisa foram elaborados a partir das respostas de 294 mulheres, de todas as regiões. Cerca de 40% delas têm entre 30 e 39 anos de idade.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano