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Pessoas negras e indígenas enfrentam mais barreiras no acesso à cultura, revela estudo

Levantamento com 19.500 entrevistas mostra que negros têm grande interesse por atividades culturais, mas enfrentam mais dificuldades para acessá-las
Detalhe de uma mulher negra em silhueta durante evento comemorativo ao Dia da Consciência Negra, no Distrito Federal, em novembro de 2024.

Detalhe de uma mulher negra em silhueta durante evento comemorativo ao Dia da Consciência Negra, no Distrito Federal, em novembro de 2024.

— Joédson Alves/Agência Brasil

6 de fevereiro de 2025

O levantamento “Cultura nas Capitais” revelou que barreiras raciais ainda impedem a participação equitativa da população em atividades culturais. O estudo da JLeiva Cultura & Esporte indica que brancos acessam a cultura com mais frequência do que pretos, pardos e indígenas, apesar do interesse ser semelhante ou até maior entre esses grupos.

A pesquisa entrevistou presencialmente 19.500 pessoas com 16 anos ou mais, entre fevereiro e maio de 2024, em 1.930 pontos de fluxo populacional de diferentes perfis socioeconômicos. O estudo foi conduzido pelo Datafolha e utilizou o Critério Brasil de Classificação Econômica para segmentar os participantes nas classes A, B, C, D ou E.

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Brancos acessam mais atividades culturais

A pesquisa identificou que pessoas brancas lideram a frequência em bibliotecas (28%), museus (32%), teatros (29%) e locais históricos (49%). Já pessoas pretas registram maior presença em shows de música (44%), festas populares (39%), espetáculos de dança (27%) e saraus (15%).

Pardos apresentam os menores índices de acesso em quatro das 14 categorias analisadas e lideram apenas em circo (15%). Já os indígenas possuem os menores índices de participação em nove das atividades analisadas.

A pesquisa também revelou que pessoas amarelas apresentam os maiores índices de participação em cinema (59%) e jogos eletrônicos (59%), mas ficam abaixo da média em sete outras categorias.

Interesse alto, mas acesso à cultura limitado

Apesar de um forte interesse por atividades culturais, grupos não-brancos enfrentam barreiras para transformar esse desejo em participação efetiva. Negros registram maior interesse do que brancos por teatro (53% contra 51%) e festas populares (47% contra 41%), mas sua presença nesses eventos ainda é inferior. O mesmo ocorre com museus, dança e outros espetáculos.

Para João Leiva, idealizador do estudo, os dados revelam desafios e oportunidades. 

“Embora pretos e pardos no Brasil geralmente tenham menor renda e menor escolaridade, isso parece se refletir apenas parcialmente no acesso à cultura nas capitais. Os brancos de fato vão mais a diversas atividades culturais. Os pardos aparecem um pouco pior, mas as pessoas pretas estão entre as que mais vão a shows, festas populares, apresentações de dança e saraus”, disse em nota de divulgação do estudo.

O estudo comparou a intenção de ir a eventos culturais com a frequência real e constatou uma discrepância expressiva. Em nenhuma das cinco atividades analisadas os brancos lideraram no interesse, apesar de terem maior acesso.

Indígenas são os mais excluídos culturalmente

A pesquisa revelou que os indígenas são o grupo mais excluído culturalmente. Em todas as 14 atividades analisadas, eles registram os maiores percentuais de não participação, com destaque para concertos (78%), teatro (53%) e museus (49%).

Nos 12 meses anteriores à pesquisa, metade dos indígenas acessou no máximo duas atividades culturais.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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