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Plataforma de ensino remoto preserva tradições indígena e quilombola

Na Bahia, 650 alunos indígenas e quilombolas usaram a plataforma de educação em 2020. Agora, o projeto deve ser ampliado para mais 400 crianças da etnia Tumbalalá

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Carlos Penteado

Imagem mostra menina indígena deitada e com um livro na mão.

18 de maio de 2021

No povoado de Barra do Tarrachil, em Chorrochó, no extremo Norte da Bahia, 650 alunos da rede municipal, entre eles quilombolas e indígenas, usaram a plataforma de aprendizagem ativa Cloe, no ensino em sala de aula e online nas disciplinas à distância, durante o ano de 2020.

A metodologia de ensino da plataforma permite a adaptação do conteúdo às tradições e contempla a diversidade da região. Em 2021, o projeto será ampliado para a cidade de Abaré, perto de Chorrochó, para atender mais 400 crianças do povo Tumbalalá.

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“Na escola da aldeia, a gente já desconstrói o ensino chamado convencional para fortalecer o ensino com as especificidades indígenas. Com a pandemia e a suspensão das aulas, os meus filhos foram matriculados na escola de Chorrochó para as aulas remotas”, conta Cecília Lopes Marinheiro, 43 anos, mãe do Isaque (9) e da Samy (7), do povo indígena Tumbalalá.

Cecília é coordenadora pedagógica em Abaré e acompanhou o período de aprendizagem online dos filhos, que estão no 3º e 1º ano do ensino fundamental, respectivamente. “É um modelo que destaca bem a diversidade. Depois de ler os textos e ver os vídeos, desenvolvemos juntos as atividades”, relata.

Com a plataforma os alunos tiveram contato com uma linguagem que aproxima aula com o cotidiano na aldeia. “No ensino remoto é importante a participação do pai e da mãe para que a nossa identidade não desapareça no meio da aceleração de informações e conhecimentos. Eu tive o cuidado para que os meus filhos pudessem estudar fora da aldeia, mas com um conteúdo que fizesse conexão com a nossa história e a nossa ancestralidade”, detalha Cecília.

Para a coordenadora pedagógica, é muito importante ter uma interculturalidade no trabalho dos professores indígenas, para mostrar o que é do próprio povo indígena e os novos conhecimentos.

Isaque e Samy, segundo a mãe, gostaram do conteúdo com questões culturais. “Ficou mais fácil de fazer a atividade porque tinha, por exemplo, dados sobre alimentos de várias culturas”, pontua. 

Mesmo na aldeia, as crianças ficaram mais tempo dentro de casa por conta da pandemia da Covid-19. “A minha filha reclamou de ter ficado ansiosa por passar muito tempo dentro de casa. Havia um conteúdo na plataforma, justamente para o primeiro ano que é a turma dela, que tratava de ansiedade em crianças e foi muito bom”, compartilha Cecília.

A plataforma Cloe foi desenvolvida pela Camino Education, que apoia escolas e educadores em diversos países.

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