O rapper e ativista MC Rafa Rafuagi, figura central na cultura de periferia do Rio Grande do Sul, denunciou o racismo ambiental no contexto das inundações que atingem o estado. Rafa, que coordena a coleta e distribuição de doações no recém-inaugurado Museu da Cultura do Hip Hop, o primeiro e único da América Latina, apontou a relação entre a catástrofe e a falta de infraestrutura nas periferias.
Segundo Rafuagi, a negligência nos alertas de evacuação devido ao rompimento de diques impediu que muitos moradores salvassem seus bens e deixassem suas casas a tempo. Além disso, ele apontou a falta de manutenção do sistema de prevenção nas áreas mais pobres, sugerindo que essas questões refletem uma profunda desigualdade racial e social, características do racismo ambiental.
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Dados da Agência Brasil, corroborados por mapas do Núcleo Porto Alegre do Observatório das Metrópoles, mostram desigualdade de renda e raça entre os afetados pelas enchentes. As áreas mais alagadas eram as mais pobres, com um impacto desproporcionalmente maior sobre a população negra, que representa cerca de 21% dos habitantes do estado, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Bairros como Humaitá, Sarandi e Rubem Berta em Porto Alegre, além de Mathias Velho em Canoas, que possuem uma alta concentração de população preta e parda, foram os mais afetados pelas inundações.
Rafa Rafuagi também anunciou que o Museu da Cultura Hip Hop retomará sua programação normal nos próximos dias. Inspirado no The Universal Hip Hop Museum, dos Estados Unidos, o espaço celebra e preserva a história do hip-hop no Rio Grande do Sul. O museu, que recebia cerca de 1 mil visitantes por semana antes das fortes chuvas, agora planeja um projeto para estruturar um roteiro turístico de cultura negra em Porto Alegre.
Com informações da Agência Brasil.