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Vagas temporárias surgem como oportunidades de recolocação profissional no final do ano

Dados da CNC mostram que 94 mil postos de trabalho temporário serão gerados neste período, sendo 30% deles com possibilidade de efetivação

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Reprodução/CUT

Imagem mostra diversas pessoas sentadas, uma delas com a carteira de trabalho na mão

3 de novembro de 2021

“Durante a pandemia, a população negra foi a mais afetada em diferentes frentes, incluindo a questão do desemprego. Com isso, a abertura de vagas temporárias poderá ser uma forma de complemento de renda viável para esse grupo. O importante é que estas vagas se tornem efetivas ao longo do período, como uma forma de reaquecimento da economia”, é o que diz a especialista em varejo e gestora de riscos, crises e controles internos, Viviane Elias.

Com o final do ano mais próximo, a expectativa para muitos brasileiros desempregados é conseguir recolocação profissional por meio de vagas temporárias. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o período entre novembro de 2021 e dezembro irá gerar cerca de 94 mil oportunidades, sendo metade delas abertas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, com contratos, principalmente, no setor de vestuário, calçados e supermercados.

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A Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings estima ainda que cerca de 30% das vagas temporárias oferecidas podem se tornar permanentes. “Nós temos hoje uma defasagem muito grande de desempregados, aqueles que se sobressaírem terão seus empregos temporários transformados em empregos permanentes”, afirmou o presidente da associação, Nabyl Sahyoun.

O que depende do trabalhador?

De acordo com CEO e fundadora da consultoria EmpregueAfro, Patrícia Campos, para transformar vagas temporárias em algo permanente e se destacar nas entrevistas de emprego é imprescindível que o candidato seja honesto com ele mesmo e com a empresa. Para ela, às vezes é impossível que essa vaga se torne fixa, no entanto, o que cabe ao candidato é trabalhar corretamente e estabelecer boas relações durante o período de trabalho.

“É necessário mostrar que a sua contratação será um diferencial para o empregador. Além disso, demonstrar vontade de estar ali, mesmo que seja um temporário de dois, três meses. É um espaço também para conhecer pessoas, pode ser que surjam outras oportunidades de contratação mais para frente”, pondera.

Já Viviane Elias avalia que vagas temporárias se tornarem fixas é uma realidade ligada ao reaquecimento da economia, planos de futuro da empresa e mercado de atuação.

“Porém, o diferencial aqui é o seguinte: precisamos estar preparados para esta vaga ou para o próximo desafio corporativo. Portanto, ser um profissional que demonstra entrega, facilidade de trabalho em equipe, pontualidade e busca constante de aprendizado e, claro, as habilidades sociais como comunicação assertiva e resiliência, poderão ser o seu diferencial se houver uma posição fixa na empresa”, aconselha.

Atenção às oportunidades enganosas

A taxa de desemprego fechou o trimestre encerrado em agosto em 13,2%, com queda de 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em maio, quando o desemprego ficou em 14,6% da população. Ao todo, o Brasil conta com 13,7 milhões de desempregados, de acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua Mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Patrícia Campos, mesmo quando se trata de vagas temporárias, a alta no desemprego pode gerar mais um desconforto para os trabalhadores: oportunidades enganosas. Ela ressalta que é imprescindível ter em mente que as empresas não podem cobrar valores para recolocação profissional. “As vagas abusivas também tem muito a ver com a carga horária extensa e salário baixo, portanto é essencial analisar”, ressalta.

Viviane Elias pontua que é importante desconfiar de vagas com promessas de pagamentos incompatíveis com a média salarial do mercado. Para ela, os trabalhadores podem se proteger desse mal pesquisando bem qual o piso real de salário da vaga e também devem estar atentos às promessas de que a oportunidade é garantida.

“Empresas sérias de recrutamento e seleção seguem procedimentos pautados na ética e transparência”, destaca Viviane Elias. “Especificamente sobre candidatos negros, conheça um pouco mais sobre a cultura da empresa e se a corporação é inclusiva. Isso pode fazer diferença em sua carreira no futuro”, completa a especialista.

Setores inclusivos

“Por incrível que pareça, empresas mais simples são as mais inclusivas para negros e LGBTQIA+. Vagas em atendimento, shopping, lojas de serviços, varejo, roupas, supermercados são as que contratam bastante e irão disponibilizar mais vagas temporárias”, comenta Patrícia Campos.

Viviane Elias destaca que, aos poucos, a diversidade e a inclusão de minorias no mercado de trabalho estão sendo mais consideradas pelas empresas brasileiras, o que desperta mais coragem nos candidatos negros, periféricos e LGBTs de se inscreverem para processos seletivos com diferentes níveis hierárquicos.

Contudo, a especialista pondera que não se deve reforçar estereótipos, do tipo “apenas tal segmento ou setor contrata pessoas negras ou pertencentes às minorias”.

”Nós podemos ocupar qualquer posição ou qualquer segmento que quisermos. Claro que para que isso ocorra, precisamos de oportunidades. O importante aqui é deixarmos de falar sobre diversidade e inclusão e começarmos a agir, tanto empresas quanto pessoas”, finaliza.

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